Muitas mulheres e, principalmente, homens, ainda acreditam que o Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, foi instituído em moldes semelhantes aos do Dia das Mães, dos Pais ou das Crianças. Mas a história não foi bem assim…

A versão mais corrente é a de que o dia foi escolhido porque, nesta mesma data, no distante ano de 1857,em Nova Iorque(EUA), 129 operárias têxteis teriam morrido queimadas, por ação dos patrões e da polícia, ao entrarem em greve, ocupando a fábrica em que trabalhavam para reivindicar a redução da jornada de trabalho de 14 para 10 horas. Porém, pesquisas mais recentes, que tentam estabelecer os elos mais remotos da escolha do oito de março, não comprovam que a data teria sido escolhida por essa razão.

O fato é que, em 1910, na II Conferência Internacional de Mulheres, realizada em Copenhague (Dinamarca), uma revolucionária alemã que se tornou prestigiada dirigente do movimento comunista internacional, chamada Clara Zetkin, propôs a criação de um Dia Internacional da Mulher. De acordo com a proposta, todos os anos as mulheres trabalhadoras socialistas deveriam organizar um Dia das Mulheres, tendo em vista, sobretudo, a defesa do direito de voto. A proposição de Clara Zetkin, aprovada pelas 100 delegadas, de 17 países, presentes àquela Conferência, não surgia ao acaso.

O advento do Capitalismo, então impulsionado pela revolução industrial, havia empurrado as mulheres para as fábricas. A luta por melhores condições de trabalho, melhores salários e por direitos sociais e políticos tornara-se inevitável. E, assim, já em 1911, o sucesso das manifestações femininas ocorridas em 19 de março abala a Europa. Apenas em quatro países – Alemanha, Suíça, Áustria e Dinamarca – estima-se que um milhão de mulheres trabalhadoras tenham saído às ruas. As manifestações prosseguiram nos anos seguintes, mas, é em 1917, que o oito de março começa a se firmar.

Naquela data, mulheres de São Petersburgo, cidade russa, manifestam-se exigindo pão (condições dignas de vida), paz (a retirada das tropas russas da I Guerra Mundial) e liberdade (a República). A greve se alastra, transforma-se em uma grande insurreição popular e acaba derrubando o império czarista russo. O governo provisório, instalado com a queda do Czar Nicolau II, garante às mulheres o direito de votar.

Três anos depois, a feminista e revolucionária russa, Alexandra Kollontai, uma das maiores responsáveis pela institucionalização da data, escreve: o Dia Internacional da Mulher é um dia de militância que ajuda a aumentar a consciência e a organização das mulheres trabalhadoras.

Em 1975, Ano Internacional da Mulher, a Organização das Nações Unidas oficializa o oito de março como Dia Internacional da Mulher.