No Rio Grande do Norte, o quarto dia da greve nacional dos trabalhadores e trabalhadoras do Sistema Petrobrás prossegue contabilizando avanços. Além do crescimento dos índices de adesão nas unidades administrativas, que chegou a cerca de 70% em Natal e Mossoró, as áreas operacionais continuam se incorporando ao movimento de forma gradativa, consciente e consistente. É o caso dos trabalhadores dos campos terrestres de produção.
Com cerca de quatro mil poços distribuídos em quase oitenta campos petrolíferos, a produção operada pela Petrobrás no RN polariza uma extensa cadeia produtiva de grande importância para a economia local. O elevado número de instalações disperso em vasta área geográfica, no entanto, faz com que o ritmo das adesões ao movimento e o impacto na produção sejam mais lentos, embora constantes.
Nesta quarta-feira, 4, por exemplo, incorporaram-se à greve trabalhadores dos campos de Lorena, no município de Governador Dix-sept Rosado, e de Riacho da Forquilha, no município de Apodi. Ambos, distam mais de 300 km de Natal e cerca de 50 km de Mossoró. Toda a produção bruta desses e de outros campos é escoada até estações coletoras, bombeada e separada para posterior processamento no Polo Industrial de Guamaré.
Devido à automação da maioria dos processos e aos volumes de petróleo extraídos, o impacto da greve na produção ainda é restrito. No entanto, exatamente por essa razão, os efeitos logo se farão sentir. Isto porque é praticamente impossível manter um monitoramento adequado da produção e do escoamento sem efetivos tecnicamente qualificados e numericamente suficientes.
Sedes – Nas sedes administrativas de Natal e Mossoró, o quarto dia de greve foi de retomada das mobilizações. Com a ratificação do movimento, os trabalhadores realizaram atividades de convencimento nas portas das unidades, intensificando a abordagem daqueles que ainda não aderiram à greve, especialmente, os mais jovens. As mobilizações vêm contando com o apoio dos trabalhadores desembarcados das áreas operacionais e têm recebido a solidariedade de diversos segmentos sociais, que começam a compreender as motivações da luta.
Veja, a seguir, o quadro da greve no RN, nesta quarta-feira…
Guamaré
No Polo Industrial de Guamaré, a Refinaria Clara Camarão e a Unidade de Processamento de Gás Natural estão praticamente paralisadas. Funcionam apenas as plantas de segurança. A quase totalidade dos trabalhadores desembarcou, ficando apenas supervisores e alguns engenheiros que furaram a greve.
As UPGNs estão paralisadas há dois dias devido à falta do gás oriundo das plataformas e de alguns campos terrestres de produção. Há engenheiros tentando operar unidades sem o conhecimento devido e o sindicato tem recebido denúncias de encarceramento de trabalhadores terceirizados.
Plataformas marítimas
No primeiro dia, houve diminuição do volume de produção em 50%. No segundo dia, após o fechamento de todos os poços e a entrega formal da responsabilidade sobre as instalações à Petrobrás, os trabalhadores das 13 plataformas que se encontravam ativas desembarcaram.
Usina Termelétrica Jesus Soares Pereira (Assú)
Todos os trabalhadores desembarcaram. A Gerência da UTE-JSP está tentando tocar a termelétrica com trabalhadores terceirizados, sem a devida qualificação.
Campos terrestres de produção
A Petrobrás opera quase 80 campos terrestres de produção no RN. A adesão à greve vem se dando de forma gradativa e constante. Até o momento, aderiram ao movimento trabalhadores dos campos de Salina Cristal, Canto do Amaro, Lorena, Riacho da Forquilha e de estações coletoras, como Conceição B.
As atividades mais afetadas são a Manutenção e Inspeção, Construção e Montagem e Serviços Gerais. Por enquanto, a consequência mais sentida é o acúmulo de função para supervisores e a lentidão na execução dos serviços.
Sedes Administrativas
A greve foi aprovada nas assembleias realizadas na terça-feira, 3, nas sedes administrativas da Petrobrás em Natal, Mossoró (Base 34) e Alto do Rodrigues (S-7). Nesta quarta-feira, 4, foram realizadas novas concentrações nessas unidades, registrando-se um crescimento dos índices de adesão ao movimento. O Sindicato está cadastrando todos os trabalhadores e trabalhadoras interessados em participar das comissões de mobilização.