A FUP e seus sindicatos voltaram a se manifestar nesta terça-feira, 04, no aeroporto de Brasília, quando os parlamentares retornaram do recesso para retomar as atividades no Congresso Nacional.  Vestidos com uniformes da Petrobrás, cerca de 70 petroleiros recepcionavam os senadores com palavras de ordem contra a entrega do pré-sal.

Faixas e cartazes davam o tom da manifestação, exigindo dos parlamentares que barrem o Projeto de Lei 131, de autoria do senador José Serra (PSDB/SP), que visa retirar da Petrobrás a função de operadora única do pré-sal e acabar com a obrigatoriedade legal da empresa participar em pelo menos 30% das áreas exploratórias. 

“Ô senador, não entrega não. Quero o pré-sal pra saúde e educação”, repetiam os petroleiros cada vez que um parlamentar passava pelo portão de desembarque do aeroporto de Brasília.  “Não, não, não à privatização”, emendavam os trabalhadores, contagiando as pessoas que circulavam pelo saguão e se solidarizavam com a causa da categoria.

Alguns senadores se irritaram com a manifestação e buscaram saídas alternativas para evitar passar pelo saguão onde os petroleiros protestavam. Um dos mais exaltados foi o senador Aloysio Nunes (PSDB/SP), que reagiu às palavras de ordem dos petroleiros com xingamentos.

Desde junho, a FUP vem se mobilizando para impedir que o projeto seja votado. A reação da categoria derrubou o regime de urgência em que se encontrava o PLS 131 e fez os senadores encaminharem o projeto para uma Comissão Especial, que será instalada nesta terça-feira, 04, e terá 45 dias para debater a proposta de Serra.

Ao longo desta semana, os petroleiros permanecem em Brasília, percorrendo os gabinetes dos senadores para alertá-los sobre os prejuízos que o projeto representa para o país e o povo brasileiro.  A FUP e seus sindicatos estão, desde segunda-feira, 03, na capital federal, debatendo estratégias de luta no enfrentamento ao PLS 131 e novas mobilizações para barrar o Plano de Desinvestimentos aprovado pelo Conselho de Administração da Petrobrás, que pretende colocar à venda 57,7 bilhões de dólares em ativos e reduzir em 76 bilhões de dólares investimentos e despesas.

Essas medidas, além de reduzir em cerca de 30% o patrimônio da maior e mais estratégica empresa brasileira, significarão demissões em massa e cortes de direitos, como já vem acontecendo com trabalhadores do setor naval e da construção civil e petroleiros terceirizados.  Para se contrapor ao processo de desmantelamento em curso na Petrobrás, a FUP e seus sindicatos realizaram uma greve de 24 horas no último dia 24 e agora debatem os próximos rumos do movimento.

 

Por Alessandra Murteira