Ao contratar uma empresa local especializada em fusões e aquisições, a filial da Petrobras em Buenos Aires começou o processo de venda de seus ativos na Argentina. Dentre eles, estão incluídas áreas petroleiras, uma refinaria, cem postos de gasolinas, plantas petroquímicas, uma empresa de transporte de gás, usinas térmicas e hidroelétricas – bens que podem chegar ao valor de 1 bilhão de dólares.

A venda, que irá terminar com a presença da Petrobras como um dos principais atores do mercado argentino da energia, está diretamente relacionada à estratégia da companhia de se desfazer de ativos para melhorar seu fluxo de caixa e diminuir suas dívidas.

A Petrobras convocou grandes petroleiras argentinas para participarem do processo de venda. Tratam-se de ativos atraentes, entre os quais se destacam áreas bastante cobiçadas, como a Punta Rosada, na província de Neuquén, na Patagônia, que abriga uma das maiores formações de hidrocarbonetos do mundo na região conhecida como Vaca Muerta.

Na disputa pelos ativos da Petrobras, estão a petroleira estatal argentina YPF, Pluspetrol, Pan American Energy (PAE) e Tecpetrol. Também poderia entrar na lista a empresa do magnata dos aeroportos Eduardo Eurnekian, Compañia General de Comubistibles (CGC), à qual a Petrobras já vendeu neste ano a totalidade das participações que tinha em 26 áreas petrolíferas localizadas em Santa Cruz, Patagônia.

A Petrobras irá priorizar ao máximo a transparência no processo de vendas em um momento em que seu presidente, Aldemir Bendine, trabalha com o objetivo de restaurar a reputação da maior empresa brasileira, vítima de fraudes milionárias que levaram quatro ex-diretores da companhia à prisão, em meio às investigações da Operação Lava Jato.

Esse objetivo poderia afetar a participação da PAE no processo de venda dos ativos argentinos da Petrobras. Isso porque a PAE, controlada em 60% pela petroleira BP – enquanto que o resto está em mãos da família argentina Bulgheroni e da chinesa Cnooc – está sob investigação da SEC, o regulador bursátil dos Estados Unidos, por suposto pagamento de propinas para se beneficiar de uma extensão da concessão da área petrolífera argentina de Cerro Dragón.

Em 2013, a Petrobras paralisou negociações para vender ativos na Argentina à petroleira OIL, do empresário Cristóbal López, que tem uma relação bastante próxima com o governo argentino. A estatal argentina YPF é outra que manteve diálogos no passado com a Petrobras para comprar seus ativos à venda.

Brasil 247