Fernando Domingo – Repórter
O corte de quase US$ 130,3 bilhões em investimentos nos próximos cinco anos, anunciado pela Petrobras na última segunda-feira (29), causa incertezas no setor petrolífero brasileiro e no mercado potiguar. De acordo com entidades ligadas ao setor, as perspectivas são “nebulosas” enquanto não houver um detalhamento exato das operações que serão desenvolvidas pela Petrobras – principal operadora atuante no Rio Grande do Norte.
O Plano de Negócios e Gestão 2015-2019 foi aprovado pelo Conselho de Administração da estatal na sexta-feira (26) e divulgado para o mercado na segunda. Pelo novo planejamento, além do corte de investimentos, que chega a 37% em relação ao plano anterior, e maior foco para novos sistemas de exploração e produção, com foco no Pré-Sal, a empresa prevê vender mais de US$ 57 bilhões em ativos até 2018, como forma de recuperar a saúde financeira.
No mercado potiguar, as mudanças anunciadas pelo Petrobras não estão claras. Para Dorian Bezerra, coordenador da Redepetro-RN, que reúne empresas fornecedoras de bens e serviços, a petroleira ainda está devendo uma maior exposição do que realmente será aplicado ou cortado do seu plano de negócios, assim como detalhar em quais áreas isto vai ocorrer.
“Ainda está tudo muito recente, muito superficial, pois a Petrobras não detalhou exatamente como serão estas mudanças. Os investimentos de off-shore permanecem, assim como a manutenção do que está sendo produzido. Mas, a tendência, se não fizerem novos gastos, é diminuir ainda mais, com quantidade e ritmos bem inferiores”, declarou Dorian.
Impacto
A preocupação da Redepetro-RN é compartilhada pelo Sindicato dos Petroleiros e Petroleiras do Estado (Sindipetro/RN). “A indústria do petróleo tem grande peso na economia potiguar. Qualquer corte significativo de investimentos no setor impacta nossa economia de forma negativa”, informou, em nota.
Ainda de acordo com o Sindipetro/RN, analisando os dados mais atualizados publicados no Boletim Mensal da Agência Nacional de Petróleo (ANP), sobre os 83 campos produtores em atividade no RN, em abril, a média de extração foi de 64,7 mil barril/dia. O volume significa um crescimento de 0,62% comparado ao mês anterior, mas, reflete um declínio de 3,74% em relação ao mesmo período do ano passado. Para a entidade, é necessário que a produção se mantenha estável, com a perfuração de novos poços, compensando a diminuição natural de volume extraído.
A TRIBUNA DO NORTE questionou a Petrobras sobre a perspectiva de investimentos e cortes no RN, dentro do plano de negócios, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição. Em entrevista coletiva durante a apresentação dos dados globais, o presidente da estatal, Aldemir Bendine, afirmou que o plano condiz com a realidade do mercado, onde o preço médio do Brent está em US$ 60 o barril, diferentemente do plano anterior que, quando foi formulado, tinha preço médio do Brent à US$ 120 o barril.
“Fizemos um plano robusto, bastante realista diante da nova realidade do setor de petróleo e gás. Todas as majors têm feito uma redução no plano de investimento para reduzir sua dívida. Notadamente, o maior impacto das mudanças são por questões mercadológicas”, afirmou Bendine.
Fonte: Tribuna do Norte