Durante a 5ª Plenafup, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou com os petroleiros sobre a situação da Petrobrás e a importância da categoria e da sociedade defender o pré-sal. Para Lula, o projeto do senador José Serra de mudança da Lei de Partilha atende aos interesses do capital internacional e das multinacionais que estão de olho nos bilhões em barris que serão produzidos nas áreas de exploração desse petróleo. “A troco de que Serra quer mudar a lei do pré-sal? Para trazer as multinacionais para fazer aquilo que nós temos competência para fazer”, disse Lula, ao defender o patrimônio tecnológico e o conhecimento produzido pelos petroleiros no desenvolvimento da exploração em áreas profundas.
O PLS do tucano Serra (131/2015), que retira da Petrobrás a exclusividade na operação do pré-sal e o mínimo de 30% de exploração dos blocos concedidos, poderá ser posto em votação no Senado na próxima terça-feira (7) e só não foi votado ainda em função da resistência dos petroleiros. Lula destacou a importância da categoria petroleira na defesa desse recurso e afirmou que a os trabalhadores devem continuar a apresentar à empresa propostas para sua gestão.
Desinvestimentos
Em resposta a uma intervençãodo representante dos petroleiros no Conselho de Administração da FUP, Deyvid Bacelar, criticando o novo Plano de Negócios apresentado pelos gestores da Petrobrás, Lula reconheceu que o momento é difícil e que a categoria deve sim lutar por suas reivindicações. “É verdade, Deyvid, que o plano de negócios da Petrobrás está muito menor do que o original. Mas vocês devem continuar a propor soluções e apresentar as suas propostas para o desenvolvimento da empresa”.
Continuidade das políticas sociais depende do pré-sal
Lula apontou a necessidade da categoria petroleira de não só lutar pela Petrobrás, mas também de convencer a sociedade de que defender a empresa é garantir o pré-sal e os direitos sociais conquistados. Lula destacou a educação como prioridade do governo atual, através do Programa Pátria Educadora, que pretende, até 2024, ampliar a educação infantil, o ensino técnico e a formação superior, erradicar o analfabetismo e diminuir 50% do analfabetismo funcional entre os brasileiros.
O sucesso do projeto Pátria Educadora e da continuidade de políticas que levaram o Brasil a se manter como uma das economias mais importantes no cenário mundial depende da garantia dos recursos do pré-sal. “Eu sei o que foi a aprovação da Lei da Partilha. Sempre disse que esse petróleo é o passaporte do futuro. A gente não pode colocar o dinheiro do pré-sal no ralo comum da economia brasileira. Porque a gente vai fazer que nem outros países que são dependentes da compra de petróleo. Por isso criamos o Fundo Social. Por isso aprovamos a Lei de Partilha e também a lei (12.825/2013) que destina os 75% dos royalties do petróleo para a Educação”.
Lula reconheceu, ainda, que o País está vivendo um momento conjuntural difícil, mas acredita que a presidenteDilma está buscando soluções e que, num prazo de um ano e meio, a economia voltará a crescer. O ex-presidente lembrou que, no início de seu mandato em 2003 também precisou fazer um ajuste fiscal e foi extremante criticado pela população. “Mas, um ano depois, antecipamos nossas dívidas, mandamos o FMI embora, e passamos a ser uma das economias mais importantes internacionalmente”.
Mídia esconde os bons resultados
O ex-presidente também criticou a mídia como responsável pelo mau humor da população, que não tem acesso aos dados reais do governo, só às denúncias de corrupção na Petrobrás. Lula defendeu os petroleiros que vêm sofrendo com os ataques da grande imprensa e defendeu a punição de quem tiver lesado a empresa e seu patrimônio.“APetrobrás não é só corrupção. É muito mais que isso. O Brasil não é só miséria como querem mostrar. Não queremos que não mostrem as coisas ruins, mas queremos que mostrem a verdade”.
Criminalização de adolescentes
O ex-presidente fez críticas à redução da maioridade penal e reconheceu que é responsabilidade do Estado oferecer condições para que a juventude não fique à mercê da violência.“Será que o Estado brasileiro cumpriu com as suas obrigações com os jovens de 16, 17 anos? Será que nós oferecemos a educação necessária e criamos oportunidades para esses jovens terem opção. Aí vêm eles e querem resolver o problema colocando os meninos na cadeia?”.
Luta não pode ser só econômica
O presidente chamou atenção dos petroleiros para que comecem a tratar de outras pautas que não sejam só sobre reivindicações econômicas. Chamou atenção para a importância de politizar os trabalhadores para que reivindiquem mais educação e mais direitos sociais. “A luta hoje dos trabalhadores não pode ser mais eminentemente econômica. A luta hoje dos sindicalistas não pode ser mais só para reivindicar aumento de salário. Esse País é muito rico temos que ampliar nossas consciências e desenvolver nosso potencial e conhecimento para construir nosso futuro”.
A 5ª Plenafup está sendo realizada em Guararema (SP), na Escola Nacional Florestan Fernandes. Os petroleiros continuam reunidos até domingo (5) e devem deliberar a pauta de reivindicaçãos da categoria para o próximo período. Acompanhe também pelo link http://www.fup.org.br/foruns/plena-fup/v-plena-fup
*Jornalista (Imprensa FUP)