Aos gritos de “Da Petrobras/ não abro mão/ petróleo cem por cento/prá nação”, o público saudava os discursos de apoio a Petrobras. Uma grande faixa, com os dizeres “Somos 200 milhões de petroleiros por uma Petrobras 100% pública” foi estendida dando início ao ato de instalação.
O deputado Davidson, que vai presidir a Frente Parlamentar, abriu o evento destacando que no debate sobre os casos de corrupção na Petrobras, várias frentes nacionalistas se manifestaram sobre a importância da empresa para a economia nacional e que a indústria de energia e de petróleo e gás é estratégica para o país.
Segundo ele, com a Operação Lava Jato, “ações paralelas deram força às vozes já conhecidas que pregam o desmembramento das atividades produtivas da empresa, que deveria se limitar a produção e exploração de petróleo. Isso é um retrocesso para a condição de país exportador de produtos semifaturados”, avalia o parlamentar, para quem “todas as petroleiras do mundo desenvolvem atividades do poço ao posto.”
Tentativas de privatização
A exemplo dos oradores que o sucederam, o deputado Davidson Magalhães oberva nesse e noutros movimentos, como a instalação da CPI da Petrobras e a apresentação de projeto de lei do senador José Serra (PSDB-SP), tentativas de privatização da Petrobras.
Ele disse que o projeto de lei é a comprovação da denúncia do WikiLeaks de que Serra, quando foi candidato a presidente, se comprometeu com a multinacional Chevron de quebrar o processo de partilha, que garante a propriedade do subsolo brasileiro. Segundo o deputado, essa é uma ação de lesa pátria, a tentativa de internacionalização do petróleo brasileiro e que a Frente Parlamentar vai lutar contra esse processo.
“A Frente Parlamentar vai desenvolver um conjunto de ações políticas, junto com os movimentos sociais, para repercutir nessa Casa a defesa dos interesses nacionais”, afirmou o deputado, destacando que pesquisa recente do datafolha mostra que 61% dos brasileiros são contra a privatização da Petrobras e, entre os eleitores dos tucanos, 51% são contra a privatização.
“Com relação a CPI da Petrobras e Operação Lava Jato, essa comissão leva em consideração que se existe caso de corrupção na Petrobras deve ser punido, mas que não deve ser confundido com o corpo de funcionários”, declarou, arrancando aplausos do público e novamente gritos de palavras de ordem: “Rolou Congresso/ não volto atrás/ Eu vou prá rua/ defender a Petrobras.”
Mídia golpista
O presidente da Frente Única dos Petroleiros (FUP), José Maria Rangel, disse que “a gente pode travar um debate honesto em prol da Petrobras e do povo brasileiro. Nos momentos de crise nos são dados grandes oportunidades. Essa é a oportunidade de observar se os poderes constituídos são capazes de exercitar seu papel sem ouvir a mídia golpista”, afirmou.
O líder sindical lembrou a aprovação do projeto que destina os recursos do pré-sal para saúde e educação, para enfatizar que qualquer iniciativa para alterar o processo de exploração do petróleo no Brasil vai repercutir negativamente nos recursos destinados a esses dois importantes setores.
Os discursos em defesa da Petrobras se sucederam. A deputada Luciana Santos (PCdoB-PE), que participou do evento junto com a bancada do PCdoB na Câmara, foi mais uma voz que se levantou para destacar a importância da empresa para o desenvolvimento do país. “Não é só o nosso passado, é nosso presente, é o nosso futuro que está em cheque”, disse, lembrando também as ameaças que vem da grande mídia para enfraquecer a empresa e favorecer as empresas estrangeiras.
Mais uma batalha
O ex-presidente da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e ex-deputado federal pelo PCdoB da Bahia, Haroldo Lima, participou do evento, como vem fazendo ao longo de toda a sua vida pública e da Petrobras.
Ele, que participou do movimento pela criação da empresa, lembrou que “a vida da Petrobras foi uma vida de luta em defesa de sua sobrevivência, que começou na década de 50, e nessas batalhas sempre houve convergência entre a frente popular e a frente parlamentar. Quando houve essa convergência, nós tivemos vitórias importantes. Foi assim em diversas oportunidades. E agora, mais uma vez, a Petrobras está na alça de mira da reação brasileira, das multinacionais e da mídia mancomunada com os interesses estrangeiros”, avalia.
E, como das outras vezes, ele acredita que a receita é a mesma: “revitalizar o movimento de massas, como as manifestações do último dia 13, e, junto com a frente parlamentar, nós vamos vencer a batalha de hoje e vamos salvar a Petrobras”.
A senadora Vanessa Grazziotin não pode comparecer ao evento, mas se manifestou sobre a criação da Frente Parlamentar, destacando como principal objetivo “fortalecer a maior empresa brasileira, estratégica para o país e reforçar as ações que buscam preservar seu patrimônio de ataques especulativos e também de desvios de seus funcionários.”
“Não se admite que o futuro de nosso país e de nossa educação possa ser ameaçado pelas ações de alguns. Todo corrupto deve ser punido, independente de posição ou preferência política” destaca a senadora.
Do Portal Vermelho