Com objetivo de combater o Regime Administrativo no Campo, o SINDIPETRO-RN, em parceria com o SINDIPETRO-CE/PI, realizou, nesta quinta-feira, 29, um ato na base da Petrobrás, em Fazenda Belém. Com duração de 2 horas, a atividade reuniu trabalhadoras e trabalhadores do setor público e privado, reivindicando para as áreas operacionais a adesão de regimes de trabalho compatíveis com a atividade desempenhada. A ação produziu resultado. O RH da Petrobras, em Natal, entrou em contato com os dirigentes, propondo uma nova rodada de negociação para esta sexta-feira, 30, às 10 horas, para discutir o caso. A expectativa é que propostas mais eficazes sejam apresentadas, uma vez que frequentemente a Petrobrás não atribui ao tema a importância merecida.

Desde dezembro/2014, as Entidades aguardam um posicionamento do Gerente Geral da UO-RN CE, Luiz Ferradans. O Gerente geral havia solicitado um prazo de 15 dias para elaborar uma proposta à reivindicação. Depois, novos 15 dias foram requeridos. Até o momento, entretanto, a Petrobras não havia se manifestado. 

O crescimento do número de trabalhadores submetidos a longas jornadas de trabalho, que chegam a ultrapassar as 12,5 horas diárias estabelecidas pelo ACT da categoria, justificam a intensificação da campanha. A ideia é proteger o trabalhador das consequências que a prática pode causar ao roubar-lhe momentos de lazer e convívio familiar, comprometendo sua saúde mental e física.

Entre os danos que a sobrecarga de trabalho acarreta, fruto de um regime inapropriado para a atividade desempenhada, é possível enumerar as frustações originadas da falta de oportunidades para atividades culturais e para desenvolvimento profissional, acarretando em estresse e irritabilidade; além de problemas gástricos, cardiovasculares, obesidade, ansiedade, entre outros. Fatores que, de acordo com José Araújo, fragilizam a força de trabalho com serviço pesado no campo e a torna mais suscetível a acidentes. “É inconcebível que unidades operacionais da Companhia, como o ATP-ARG e a UTE-JSP, localizadas na mesma região do Polo Industrial de Guamaré, não adotem os regimes de trabalho semelhantes, como O TIR – Turno Ininterrupto de Revezamento, o Sobreaviso e o REC – Regime Especial de Campo”, destacou. 

“É comum nos depararmos com as pessoas buscando de forma incansável  transferências para outras unidades da Petrobrás que possibilitem melhor qualidade de vida no ambiente familiar e no local de trabalho”, lembrou.

O coordenador ainda atentou para a importância da retomada dos investimentos e recomposição do efetivo, fatores fundamentais para combater o Regime extra-acordo. “Em Fazenda Belém, o efetivo soma menos de trinta trabalhadores, além de quantidade insuficiente de terceirizados. O problema sobrecarrega os empregados e resulta no acumulo de funções, o que pode ocasionar danos à integridade física e psicológica do trabalhador”, frisou. Sobre retomada dos investimentos, Araújo explicou que, em reunião com a Presidenta da Petrobrás, Graça Foster, foi assegurado que o faturamento promovido nas bases retornaria como investimento.

Unidade na luta – Atentando para as lutas da classe trabalhadora que acontecem em paralelo à campanha pelo Fim do Administrativo no Campo, o coordenador-geral do SINDIPETRO-CE/PI, Oriá Fernandes, trouxe ao debate a batalha que vem sendo travada pela revogação das Medidas Provisórias 664 e 665. As medidas criam novas barreiras para o acesso aos benefícios da Previdência e do Fundo do Amparo ao Trabalhador, como pensão por morte e seguro-desemprego. “É preciso que a categoria se mantenha unida para evitar retrocessos e desqualificação nos direitos trabalhistas, nosso objetivo é ampliar não retroceder”.

Os Sindicatos do RN e Ceará esperam que, com a nova agenda, a Petrobras apresente soluções mais eficazes para debater o fim do Regime Administrativo no Campo. Caso contrário, a categoria continuará sendo convocada a pressionar a Companhia nesse sentido.