Companheiras e companheiros, 

Transmito aqui a calorosa saudação da CTB, entidade filiada à Federação Sindical Mundial, às delegadas e delegados deste 1º Congresso da Central Bolivariana Socialista de Trabalhadores e Trabalhadoras da Cidade, do Campo e da Pesca (CBST-CCP). Ao mesmo tempo, agradeço o convite à CTB para participar deste histórico evento classista.

Vivemos hoje em todo o mundo e especialmente em Nossa América um tempo de radicalização da luta de classes, das contradições do capitalismo e dos conflitos internacionais, fenômenos que estão intimamente entrelaçados. 

Na Europa prossegue a ofensiva da troika contra a classe trabalhadora, com a imposição de receitas econômicas neoliberais que sacrificam os salários, as aposentadorias, o emprego e os direitos sociais. Em meio à crise e à revolta popular nota-se um preocupante crescimento da extrema direita no velho continente.

Sob o governo Barack Obama os EUA dobraram as apostas nas intervenções militares para manter a hegemonia. A pretexto de combater o terrorismo atropelam a ONU, bombardeiam a Síria e semeiam a guerra no Oriente Médio. Provocam também a Rússia na Ucrânia, incitando a intolerância e a violência da extrema direita e do governo contra os russos residentes no país. 

Em nosso continente, onde governos progressistas da América Latina e Caribe buscam um projeto de integração e um novo arranjo geopolítico, o império age com o objetivo de interromper o processo de mudança em curso e recompor sua hegemonia. 

Os golpes de Estado em Honduras e no Paraguai, ambos apoiados pelos EUA, foram como ensaios para o retrocesso em Nossa América. Não podemos esquecer as lições dos golpes militares e da implantação de regimes fascistas na região em passado recente. Nos bastidores daqueles trágicos acontecimentos estavam os Estados Unidos, que hoje colocam em prática um plano não muito diferente. 

As condições históricas, porém, mudaram e já não são tão favoráveis aos propósitos reacionários do império e seus aliados. A polarização entre forças progressistas e a direita neoliberal é grande e nessa disputa cresce também a resistência dos povos e de projetos democráticos. No Brasil acabamos de celebrar a reeleição da presidenta Dilma Rousseff, uma vitória histórica da classe trabalhadora que aglutinou o pensamento popular, democrático e progressista do país numa acirrada disputa contra as forças conservadoras e reacionárias. 

Reiteramos que a questão de fundo do cenário internacional é o declínio relativo da hegemonia econômica e política dos EUA no mundo, movimento transitório acelerado pela ascensão da China e do Brics. Vivemos o esgotamento da ordem imperialista remanescente dos acordos firmados pelos países capitalistas em 1944 na cidade de Bretton Woods, no final da Segunda Guerra Mundial.

O esgarçamento dessa ordem mundial liderada pelos EUA gera naturalmente uma crise de natureza geopolítica, em convergência com a crise econômica mundial, dando curso a uma transição para um novo ordenamento geopolítico que não se realizará sem grandes lutas, choques e contradições. 

A resultante desse processo é um mundo tenso, incerto e perigoso, mas também com oportunidades políticas e de novos desafios para a classe trabalhadora e o movimento sindical em todo o mundo. Devemos apontar a perspectiva de uma alternativa classista para os dilemas sociais e a crise do imperialismo. A CTB propõe a elaboração de uma plataforma classista unitária em nossa região para disputarmos os processos de mudanças deflagrados por governos progressistas e revolucionários. 

Entendemos que é nossa obrigação defender uma nova ordem internacional multilateral e anti-imperialista, lutar pela paz e contra as guerras movidas pelos EUA, Otan e União Europeia, combater com todas as forças o capitalismo e levantar bem alto a bandeira do socialismo. É nossa tarefa também hipotecar total solidariedade ao governo de Nicolas Maduro e à revolução bolivariana na Venezuela, aos demais governos progressistas e à integração democrática e soberana da América Latina e Caribe, bem como defender os direitos do povo palestino, denunciar os crimes praticados por Israel, repudiar a agressão militar contra a Síria e as provocações contra a Rússia na Ucrânia.

Diante desta realidade, temos o desafio de unificar as batalhas da nossa classe de forma a abrir caminho para transformações sociais mais profundas, constituindo novos projetos nacionais de desenvolvimento, com soberania, integração, democracia e a valorização do trabalho. São etapas com as particularidades e circunstâncias históricas de cada nação, mas que a nosso ver devem ter como rumo estratégico uma ordem socialista.

Temos consciência de que aqui, na pátria de Bolívar, Simon Rodrigues, Ezequiel Samora e Hugo Cháves, está em curso um processo ousado e avançado de transformação política, ideológica e social, cujo elevado e declarado objetivo é a construção de um novo Estado a serviço de uma sociedade socialista. 
Observa-se aqui uma luta de vida ou morte entre o velho sistema – respaldado pelo império, que resiste desesperadamente – e o novo, que ainda engatinhando enfrenta uma reação criminosa da burguesia venezuelana e do imperialismo. O desfecho vitorioso desta batalha também depende da elevação da consciência e do protagonismo político da classe trabalhadora e a Central Bolivariana Socialista dos Trabalhadores e Trabalhadoras muito contribui neste sentido.

Nesta perspectiva percebemos no país decisões que buscam estabelecer novas relações de produção e superar a alienação do trabalho; desenvolver as forças produtivas, aumentar a sua eficácia e a produtividade. São linhas de ação que estão orientadas pelo caráter social do processo de trabalho.
Nós, da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, temos plena convicção que os debates e resoluções deste primeiro congresso da central bolivariana, exercerão um papel decisivo para as conquistas civilizacionais do povo venezuelano, em particular a sua classe trabalhadora.

Todo apoio à revolução bolivariana na Venezuela!
Viva a classe trabalhadora!
Viva a CSBT!

Divanilton Pereira é secretário de Relações Internacionais da CTB
Caracas, 8 de novembro de 2014.