Um setor que deveria ser olhado como estratégico, por uma questão de soberania, tem sido enfraquecido no Brasil: o energético. O país vivencia um acelerado processo de privatização da sua principal empresa de energia, a Petrobras. No Rio Grande do Norte, 26 concessões de campos terrestres e de águas rasas, localizadas na Bacia Potiguar, receberam no final do mês de dezembro um ultimato da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para serem vendidos.
A empresa terá o prazo de um ano para concluir o processo de venda do Polo Potiguar. Sob o argumento de otimização de portifólio, a Petrobras passou a concentrar sua atuação em águas profundas e ultra-profundas e adotou uma política de desinvestimento com a venda de campos de petróleo em terra e mar, e de suas refinarias.
“A Petrobras concretizou a toque de caixa, em menos de 2 anos do primeiro anúncio, a venda de 46 concessões aqui no estado. E agora o governo pede mais pressa ainda para vender os 26 campos remanescentes”, afirma o diretor do Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do Norte (Sindipetro-RN), Rodolpho Vasconcelos.
Uma política que atinge principalmente a região Nordeste, onde a participação econômica da empresa é mais significativa. No Estado do Rio Grande do Norte, a Petrobras chegou a representar mais de 50% do PIB Industrial. A empresa já foi responsável pela geração de cerca de 20 mil empregos diretos e investir mais de um bilhão e meio de reais por ano.
“É inimaginável para qualquer país que almeje o desenvolvimento nacional e soberano deixar de fomentar uma área tão estratégica como é a do petróleo e gás nas centenas de cidades brasileiras hoje impactadas pela presença da Petrobras”, contesta Rodolpho.
Segundo o dirigente sindical, há pouco mais de dois anos a Petrobras detinha mais de 180 concessões de terras e águas rasas no Brasil.
“E a venda dessas 54 praticamente acaba com as atividades da Petrobras de extração e produção de petróleo em terra e águas rasas no país”, alerta.
Até o momento, no processo de desinvestimento original, 100 (55%) campos foram concluídos, 54 (29%) campos encontram-se em fase avançada de negociação com manifestações das empresas, 15 (8%) não tiveram sucesso e foram incluídos em novos polos do projeto de desinvestimento da Petrobras, distribuídos entre os Polos Carmópolis, Potiguar e Urucu, e 14 (8%) estão em processo de devolução (análise para o descomissionamento ou inclusão na Oferta Permanente).
Além das concessões e suas instalações de produção, está incluída na transação a Refinaria Potiguar Clara Camarão, localizada em Guamaré-RN com capacidade instalada de refino de 39.600 barris de petróleo por dia.
Fonte: Saiba Mais