Em manifestação organizada por entidades estudantis do Rio Grande do Norte contra o desinvestimento em educação pelo governo de Jair Bolsonaro, policiais militares prenderam uma mulher integrante do Movimento de Luta por Moradia Popular (MLMP). Estudantes tentaram se colocar à frente da viatura policial em busca de informação, mas agente da PM acelerou o veículo e atirou contra manifestantes que tentavam impedir o atropelamento dos colegas.

A mulher foi solta ainda no final da tarde desta quarta-feira, depois que os policiais verificaram o equívoco sobre sua prisão. A ação policial aconteceu na concentração do ato estudantil na Praça Cívica de Natal, quando estudantes se organizavam para sair em caminhada pelas principais ruas do centro da capital potiguar até o prédio da prefeitura.

O SINDIPETRO-RN repudia ações repressoras como as ocorridas nesta tarde, se solidariza com a manifestante que foi presa injustamente, e afirma todo apoio ao ato que protestava contra o presidente da República.

“É muito importante a união de trabalhadores e estudantes, especialmente quando essa união tem como eixo central a luta contra os desmandos do atual governo. Este que está negligenciando a pandemia do COVID-19, elevando a inflação e os e o custo de vida do brasileiro. O preço dos combustíveis (notadamente a gasolina, diesel e gás de cozinha), por exemplo, subiram a níveis alarmantes, por causa de uma política que conduz de forma errada a Petrobrás. A população, hoje, está sem emprego, sem saúde, e sem forma de sustento. Por isso é tão importante uma unidade na luta pelo #ForaBolsonaro”, falou o secretário geral do SINDIPETRO-RN, Pedro Lúcio, a respeito do ato de hoje.

Ato dos estudantes

A atividade de hoje integrou a Jornada Nacional de Lutas que prevê várias atividades em todo o país ao longo do Dia do Estudante com o objetivo de chamar a atenção da sociedade sobre a importância de mais investimentos para a educação.

Sem se intimidar com o uso da força policial, os estudantes mobilizaram advogados para acompanhar o caso, estenderam suas faixas e seguiram em caminhada até o prédio da Prefeitura do Natal pedindo a saída do presidente Jair Bolsonaro e denunciando os cortes na educação que provocam impactos negativos em todos os níveis de ensino.

A jornada de Lutas na capital teve início ainda na madrugada, quando estudantes bloquearam os dois sentidos da BR-101, atearam fogo em pneus e pediram o impeachment de Jair Bolsonaro (sem partido).

“Em meio a tantos retrocessos, é compromisso político do DCE/UFRN firmar hoje que não vamos arredar o pé da luta até que esse governo genocida e seu aliados caiam pelas mãos do povo”, afirma a coordenação do DCE da UFRN presente na ação.

Cortes

Para os estudantes, desde 2019, quando Bolsonaro assumiu a presidência, ao invés de políticas voltadas para resolução de problemas reais, a educação foi escolhida como alvo de ataques, desrespeito, brincadeiras e chacotas.

A paralisia no setor teve início com o Ministro Ricardo Vélez, que não passou dos 100 primeiros dias no governo. A grande marca de sua gestão foi uma polêmica carta com slogan eleitoral para ser lida e filmada nas escolas, junto com a execução do Hino Nacional.

Desde então, a área da educação tem sofrido com sucessivos cortes no orçamento e bloqueios de verbas, especialmente as Universidades e Institutos Federais. Como justificativa, o ex-ministro Abraham Weintraub chegou a afirmar que as “universidades que estiverem fazendo balbúrdia terão sua verba reduzida”.

A declaração motivou a maior resistência contra o governo Bolsonaro até o momento e levou mais de 1,5 milhão de pessoas às ruas. Bolsonaro respondeu chamando os estudantes de “idiotas úteis e massa de manobra”.

Universidade para poucos

Outra marca do governo Bolsonaro tem sido o desmonte das políticas de acesso à universidade. Para o Ministro da Educação, Milton Ribeiro, a universidade é ‘para poucos’.

Intervenções

Desde 2019, a governo tem feito intervenções na democracia interna das instituições de ensino.  Sem respeitar os resultados das nomeações para reitoria de IFs e universidades, o governo Bolsonaro faz as nomeações dos reitores a partir das suas próprias preferências. A partir dessa ação, coloca-se em prática uma série de ações autoritárias, como perseguição aos estudantes, professores e funcionários, às suas entidades representativas e fechamento de instâncias de discussão.

Paralisia

O governo tem ignorado, ainda, os principais programas federais para a educação pública. Entre eles, o mais importante é o Fundeb que segue escanteado pelo governo. Outros programas também carecem de atenção como o Mais Educação, Mais Alfabetização, Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar (PNATE) e Programa de Apoio à Implementação da Base Nacional Comum Curricular (ProBNCC). O Plano Nacional de Educação também segue sem nenhuma definição.