Você já chorou pra não tomar injeção?

Durante os primeiros anos de vida, a criança passa por uma maratona no controle de sua saúde. Só de vacinas, as crianças precisam tomar quatorze até os sete anos e, ainda bem, que nem todas são com agulha, tranquiliza Zé Gotinha. Mas não é só de vacina que vivem as agulhas infantis. Tem hemograma, tem soro, tem antibiótico, anestesia dentária… e começa bem cedo, com o teste do pezinho.

Em 2018 o Brasil tinha 35,5 milhões de crianças (de zero a 12 anos) ou 17,1% da população brasileria naquele ano. É um público relevante sob vários aspectos, como é para o controle de endemias.  Mas é difícil explicar à criançada o que é sarampo, poliomielite ou rubéola, mesmo porque a gente precisa aprender primeiro e traduzir numa forma convincente para, antes de tudo, conseguir tirar a criança debaixo da cama. Sim, porque mais da metade do povo infantil tem medo de agulha, é o que diz um estudo publicado em 2016 pela revista norte-americana PAIN, Associação Internacional para o Estudo da Dor. E esse medo, segundo o estudo, está relacionado, em maior medida, com o comportamento dos pais, como seus próprios medos, a forma de abordagem à criança…

Mas diferente da agulhadas corriqueiras na fase de imunização ou no controle da saúde da criança, o início da vacinação em crianças de 5 a 12 anos contra o COVID no Brasil já mostra o quanto esta injeção é diferente no ideário da meninada e importante na luta contra o iníquo.

Pela primeira vez na história, uma vacina infantil apresenta um enlace importante da criança com a política, com a saúde pública e com a atualidade. É por meio dela que os pais, mães e responsáveis de um modo geral podem explicar, de forma menos enfadonha à criança, não só a importância das vacinas para a humanidade, mas também o que está acontecendo no país e a importância de um governo humanitário para as pessoas.

A vacina infantil contra o COVID tem uma missão para além de salvar a humanidade. De certa forma, as crianças, mesmo distantes da realidade do mundo adulto, percebem a luta de seus pais pela vacinação assim como o próprio início da imunização infantil é fruto da luta deles, pais. Essa luta existe, inclusive, dentro das famílias bolsonaristas, já que as crianças, mais conectadas às ciências nas escolas, põem em dúvida o “não pelo não” dos próprios pais, mesmo nestas famílias cujas características são de autoritarismo. Elas querem viver e todos seus amigos estão se vacinando. Mesmo aquelas crianças que aprenderam com os pais a fazer arminha com o semblante perverso querem se proteger. E esse era o medo dos negacionistas: preferiam que o governo impedisse, do que tem em suas mãos a responsabilidade de proibir a imunização de seus filhos.

A vacina infantil é mais importante do que se imagina. A criança vacinada, vence a dor, sai orgulhosa de ter conseguido viver e de ser responsável por si e pelos outros. A criança vacinada se sente na luta pra mostrar ao mundo que COVID não é politicagem, como quer Ivete Sangalo e os sucumbentes negacionistas.

Com a ajuda das crianças vamos vencer as duas lutas: contra o COVID e contra o mal que paira nos palácios de Brasília.

Fonte: SeKueLab