De acordo com dados do Dieese as mulheres petroleiras recebem menos do que os homens, mesmo exercendo a mesma função

Relatório feito pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) – subseção Federação Única dos Petroleiros (FUP), revela que as mulheres, em todas as funções exercidas na Petrobrás, recebem menos do que os homens. Nos cargos de nível médio elas ganham, em média, 76% de uma remuneração masculina, exercendo a mesma atividade. Quando se trata de nível superior, o salário da mulher é cerca de 91% da remuneração dos homens.

Além da questão salarial, as mulheres petroleiras sofrem outros tipos de dificuldades na rotina de trabalho, por causa do machismo estrutural na sociedade, que também se reflete nos espaços profissionais.

Rosangela Buzanelli, reeleita representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Petrobrás, enfatiza as dificuldades das mulheres no dia a dia. “Ser mulher em uma sociedade cultural e estruturalmente machista não é uma tarefa fácil. No Conselho de Administração da Petrobrás, na atual conjuntura, ser representante dos trabalhadores já é uma tarefa árdua, sendo mulher é exponencialmente mais difícil”.

Cibele Vieira, diretora da FUP, acredita que a construção dos papéis de gênero é social, não biológica. “Estamos lutando há muito tempo para desconstruir os estereótipos, por exemplo, ‘qual é o papel de cada um’ na família e na sociedade. É importante este debate inclusive entre mulheres, porque não é fácil se reconhecer como vítima do machismo”. A diretora lembrou de quando entrou na Petrobrás por meio de concurso, em 2002, na função de compradora. “Foi muito emblemático, porque o homem que trabalhava no setor antes não me passou todo o trabalho, só uma parte que ele não queria fazer, como se eu fosse a secretária dele, não compradora como ele. Entrou outro homem comigo, no mesmo concurso, mas para o rapaz que entrou, ele não pediu isso, passou o processo todo”, lembra Vieira.

A presença feminina na Petrobrás, em 2020, representava 16,6% do total de trabalhadores da empresa. Hoje são 8.161 mulheres na estatal, mas este número chegou a 14.536 (17,1%), em 2012. A participação feminina ainda não é igualitária. A maior parte exerce cargos de assistente (45%) e gerente-executivo (31%).

Fonte: Nordeste 360