Os petroleiros precisam mostrar para o atual presidente da Petrobrás a força que a categoria tem. Uma força que nasceu junto com a descoberta do petróleo, que se tornou gigante com a descoberta do Pré-Sal e que vai ressurgir como ultimato na mobilização do próximo dia 30 de abril. Os petroleiros vão responder ao ataque que sofreram e que foi feito pelo seu próprio presidente.
Quando Castello Branco afirmou que vai vender 8 das 13 refinarias brasileiras, ele mexeu com a categoria mais forte e organizada deste país. Ao listar as refinarias, ele listou o nome de todos os empregados da Petrobras, inclusive os das unidades que não estão na lista de venda imediata.
- Refinaria Abreu e Lima;
- Unidade de Industrialização do Xisto;
- Refinaria Landulpho Alves (RLAM);
- Refinaria Gabriel Passos (REGAP);
- Refinaria Presidente Getúlio Vargas (REPAR);
- Refinaria Alberto Pasqualini (REFAP);
- Refinaria Isaac Sabbá (REMAN);
- Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (LUBNOR).
Para onde vão os trabalhadores destas refinarias? Serão vendidos junto com as máquinas e as ferragens? E se forem, terão a garantia do cumprimento dos mesmos direitos conquistados pela luta ao longo da história da empresa? Continuarão estes empregados a ter direito a AMS, Petros e todos os benefícios adquiridos pelo mérito de terem conseguido trabalhar numa grande empresa estatal?
O que farão os bravos defensores da soberania energética do seu país que agora se encontram com a sensação de terem sido enganados pelas mentiras de Castello Branco?
Mentiras sim. Mentiras repetidas muitas vezes, acabam se tornando verdades. E é o que está acontecendo com a fala do atual presidente da Petrobras, quando afirma que haverá concorrência com a venda das refinarias e que isso irá baratear os preços dos combustíveis. Será mesmo que se pode chamar isso de concorrência?
Concorrência não. A privatização da Petrobras não se trata de uma simples concorrência, se conseguirem vender as refinarias brasileiras, o máximo que vai acontecer é a formação de um cartel, onde o preço dos derivados será combinado entre as 8 empresas que comprarem as refinarias e isso não garantirá que o preço dos combustíveis vá baixar.
Pelo contrário, o governo deixa de ter responsabilidade sobre as refinarias privatizadas, onde não há nenhum tipo de compromisso com o controle de preços, ao contrário do que acontece em uma empresa estatal que tem o governo federal como responsável por controlar preços e responder à sociedade.
Como principal acionista, o governo tem o dever de promover políticas públicas para defender o interesse dos brasileiros e está na Lei 9478 que é obrigado a abastecer o mercado interno. Mas, Castello Branco quer transformar um monopólio estatal num monopólio privado.
Ou ainda, passar de um monopólio para um oligopólio. A diferença entre monopólio e oligopólio é que no monopólio existe apenas um fornecedor que domina o mercado, enquanto que no oligopólio existem poucos fornecedores do mesmo produto. A questão é que, enquanto a Petrobras se mantiver estatal, sua orientação deve ser em nome do interesse coletivo, e não baseada exclusivamente em critérios econômico e financeiros. O petróleo não pertence à Petrobras, é da União, é do povo, o que significa que a prioridade no uso das riquezas geradas por ele deve ser dada à sua população, aos brasileiros.
“O momento em que estamos vivendo é grave e se nós que somos petroleiros não defendermos a Petrobrás, ninguém mais vai defender. ”Este é o apelo de José Maria Rangel, coordenador geral da FUP que lembra outra grande reflexão a ser feita pela sociedade, e imprescindível à categoria: “se os petroleiros produzem quase todo o combustível que os brasileiros consomem, por que então os preços têm que seguir a política internacional? ”
Lute pela Petrobras e pela soberania energética como você luta pelo seu arroz com feijão de todos os dias, pois se a defesa da Petrobras não começar pelos petroleiros, ninguém mais vai defender.
A mentira desmascarada
A categoria Petroleira tem autoridade e credibilidade para responder e afirmar que a fala do presidente da Petrobras é uma falácia e que, a prova disso está nos índices mostrados no gráfico elaborado pelo INEEP.
No gráfico fica nítida a relação entre a importação e o aumento do preço dos combustíveis. Quando a Petrobras perde espaço no mercado e aumenta a quantidade de importação de barris de petróleo, aumenta o preço do combustível. É a prova da interferência do mercado internacional no preço que o brasileiro paga pelo combustível.
A gasolina brasileira é a segunda mais cara entre os países produtores de petróleo, segundo consultoria Air-Inc. Diferente do que acontece em outros países também produtores, mas que dão subsídios que garantem o preço da gasolina mais baixo e não atrelado ao do mercado internacional.
País Preço da gasolina em US$/litro
Noruega 1,89
Brasil 1,34
Angola 0,97
Gabão 0,94
China 0,92
México 0,82
EUA 0,62
Então, com qual lógica é possível defender a privatização, se ao vender as Refinarias brasileiras a Petrobras está abrindo mão de ter autonomia para gerenciar o seu preço?
Como está não pode ficar, e é por isso que o principal motivo da mobilização dos petroleiros no próximo dia 30 de abril, é a venda das refinarias e a ameaça de privatização que, são as causas do aumento do preço dos combustíveis.
FUP