O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva venceu o primeiro turno da eleição presidencial com uma votação histórica. Com 99,99% das urnas apuradas, o ex-presidente conquistou 48,43% dos votos (57.258.115) contra 43,20% do atual presidente (51.071.277). As pesquisas acertaram o horizonte eleitoral do Lula, mas não o do Bolsonaro, que teve uma votação bastante acima do esperado.
Mesmo com uma votação melhor, o atual presidente afirmou ontem ter visto uma “vontade de mudança na população”. Já o ex-presidente Lula, afirmou após a divulgação dos resultados que o resultado gera “apenas uma prorrogação” e uma chance de discutir cara a cara com Bolsonaro, e animou a militância a sair às ruas desde já para garantir a vitória.
O coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar, afirma que “É preciso muito pé no chão, ir às ruas em todo o Brasil, com humildade e sensibilidade, mas com muito colorido e animação, dialogando com o povo brasileiro sobre o inferno que é esse governo Bolsonaro, e quão urgente é derrotar esse projeto anti-povo nas urnas. Os movimentos populares e sindicais têm um papel fundamental nesse processo, e a FUP e seus sindicatos irão destinar todos seus esforços para cumpri-lo”.
E acrescenta: “No que diz respeito à nossa maior empresa, a Petrobrás, está muito claro que o único caminho para sua sobrevivência é a derrota de Bolsonaro e o projeto político e econômico que representa. Uma Petrobrás forte, do povo e para o povo, protagonista do desenvolvimento nacional e na melhora das condições de vida do povo só, depende da vitória de Lula no segundo turno”.
VITÓRIA REACIONÁRIA?
O Orçamento Secreto e o uso da máquina pública deram certo para o oficialismo. Mesmo sem alterar significativamente a correlação de forças no Congresso Nacional e no Senado, o Bolsonarismo obteve uma vitória simbólica, conseguindo eleger algumas de suas figuras mais notórias e alguns dos ex-ministros de governo. O vice-presidente Hamilton Mourão, Damares Alves, ministra da Família e Tereza Cristina, do Meio Ambiente ganharam vaga no Senado, assim como o astronauta Marcos Pontes, quase sem experiência prévia na política.
Algumas vitórias são ainda mais chocantes, como a eleição para deputado federal com alta votação de Eduardo Pazuello, o responsável pela falta de oxigênio em Manaus, ministro da Saúde de Bolsonaro durante o pior momento da pandemia; e Ricardo Salles, que destruiu a governança ambiental no Brasil, e declarou que a pandemia era um bom momento para “passar a boiada”.
Após destruir 4, 4 milhões de postos de trabalho, segundo estudo do Diesse, a bancada da Operação Lava Jato conseguiu se eleger. O ex juiz que tirou Lula do pleito eleitoral de 2018 e virou ministro de Justiça de Bolsonaro, Sérgio Moro, foi eleito senador pelo Paraná. Sua esposa, Rosângela Moro, se elegeu deputada federal por SP, e Deltan Dallagnol, o procurador que perseguiu Lula, foi eleito Deputado Federal pelo Paraná.
Ao mesmo tempo, algumas notórias figuras da direita que se afastaram de Bolsonaro, como Joice Hasselmann, não se elegeram. Como não se elegeu Queiroz, o ex-assessor de Flávio Bolsonaro, agente chave do caso das Rachadinhas, nem as pessoas que promovem o tratamento precoce para a Pandemia como Nise Yamaguchi.
“É chocante ver como depois de 700 mil mortos pela pandemia, de Bolsonaro atrasando a compra de vacina e promovendo sistematicamente a expansão do vírus, do presidente imitando pessoas com falta de ar enquanto o povo morria, amplos setores sociais aprovam essa gestão e escolhem seus representantes para as casas legislativas. É um revés para o campo progressista e para quem acredita num Brasil mais justo e fraterno, mas não pode de forma alguma abalar nosso ânimo, precisamos entender o recado e redobrar esforços”, afirma o coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar.
BOAS NOVIDADES
O Partido dos Trabalhadores (PT) e seus partidos aliados nesta disputa também fizeram uma boa eleição. A Federação de Lula conseguiu 80 cadeiras no Congresso Nacional, e também conseguiu eleger várias figuras importantes do partido. O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) elegeu a maior bancada de sua história da Câmara, com 12 representantes, dentre elas Sônia Guajajara, a mulher indígena mais votada do país, e Erika Hilton, a primeira mulher trans a ser eleita para o Congresso.
“A composição da Câmara e do Congresso, dominados desde sempre por uma elite parasitária, continua sendo parecida. Mas nunca foi fácil e apesar de não ter conseguido mudar radicalmente a correlação de forças e a composição das casas, conseguimos eleger representantes combativos que darão o bom combate em defesa da Soberania Nacional e na luta por um Brasil mais justo e digno para nosso povo”, afirma Bacelar.
FUP