A refinaria de Mataripe (antiga Refinaria Landulpho Alves – Rlam), em São Francisco do Conde, na Bahia, hoje privatizada e sob controle da Acelen, empresa do fundo árabe Mubadalasubiu os preços da gasolina em 9,7%, e do diesel, que variou entra 11,3% e 11,5%, no último sábado (8). Os novos valores começaram a valer no Estado no mesmo dia e foram justificados pelos gestores como uma tentativa de acompanhar as últimas altas do preço internacional do petróleo.

“Temos mais uma demonstração incontestável do equívoco e da gravidade da política do governo Bolsonaro de privatização de refinarias da Petrobrás. A mentira de que a venda de ativos da maior empresa do país aumentaria a competitividade e, consequentemente, levaria a reduções de preços de derivados, é, mais uma vez, denunciada pela realidade”, afirma Deyvid Bacelar, coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP).

O coordenador da FUP, Deyvid Bacelar, critica as privatizações. Foto: Pedro Henrique Caldas/Sindipetro BA

De acordo com dados da Abicom (Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis), a gasolina vendida pela Petrobrás estaria cerca de 10% abaixo da média internacional, e o diesel, também abaixo, cerca de 13%.

“Ao vender a Rlam, a primeira refinaria do Brasil, a direção bolsonarista da Petrobrás estimulou a criação de monopólio privado regional, que só beneficia o proprietário da empresa. Junto com a Rlam e sua logística de dutos e terminais, o fundo árabe Mubadala comprou o mercado consumidor cativo do Nordeste, ficando livre para executar política mais conveniente para elevar lucros da empresa”, explica Deyvid.

Em outras palavras, após da venda da refinaria, a Acelen teria não apenas o monopólio do refino, como a capacidade de regular os mercados regionais. “Com o reajuste de preço, a Bahia tem o combustível mais caro do Brasil, repetindo a posição que conquistou três meses após a privatização da refinaria, no final de 2021”, explica o coordenador da FUP.

Para os petroleiros, por trás dos reajustes abusivos está a política de preço de paridade de importação (PPI), mantida por Bolsonaro, que segue a cotação internacional do petróleo, a variação cambial e custos de importação, mesmo o Brasil sendo autossuficiente em petróleo. “A política do PPI só contribui para lucros e ganhos recordes em dividendos a acionistas da Petrobrás – sobretudo acionistas privados estrangeiros – , e para deixar os brasileiros reféns da carestia. Ou seja, o país produz internamente, em reais, o petróleo que consome, mas, com o PPI, o brasileiro paga preços dolarizados ao adquirir os combustíveis”, concluiu Bacelar.

Revista Forum/FUP