Ter um representante dos trabalhadores petroleiros participando da transição de governo é uma conquista importante, mas, sobretudo, coletiva, assim como tem sido a luta em defesa da Petrobrás
[Da imprensa da FUP]
O coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar, vai integrar o Grupo de Trabalho de Minas e Energia da equipe de transição de governo, coordenada pelo vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin. Também farão parte do GT, William Nozaki, coordenador técnico do Ineep; Robson Formica, da Coordenação Nacional do MAB; Ikaro Chaves, do Coletivo Nacional de Eletricitários (CNE); senador Jean Paul Prates, presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Petrobrás, além de outros sete integrantes (veja no final da matéria a lista completa). Os nomes foram anunciados por Alckmin nesta quarta-feira, 16, em Brasília.
“Nesses últimos seis anos, a história contada foi de muita luta. Nunca a nossa estatal e os setores energéticos do nosso país foram tão agredidos. A intenção era clara: depenar o Brasil. Vencemos a eleição e com isso começa a reconstrução do Brasil, e eu, como um dos representantes da categoria tenho muita felicidade de fazer parte desse processo”, afirmou Deyvid, em suas redes sociais.
A participação de um representante dos trabalhadores petroleiros na equipe de transição de governo é uma conquista importante, mas, sobretudo, coletiva, assim como tem sido a luta em defesa da Petrobrás. A FUP e seus sindicatos têm atuado em várias frentes de resistência contra as privatizações, defendendo a soberania nacional em um dos períodos mais difíceis da história do país. Uma luta feita a muitas mãos, com participação dos trabalhadores nas greves, dos movimentos sociais nas manifestações e embates públicos, das frentes parlamentares do campo da esquerda e de diversos técnicos que assessoram a FUP e hoje são referência no setor de óleo e gás.
Deyvid ressalta que o espaço conquistado na equipe de transição de governo é resultado desse coletivo de resistência. “Junto com especialistas do Ineep, com os movimentos sociais que atuam no campo de energia, como o MAB, com os eletricitários e com os companheiros da Setorial de Energia do PT, vamos apresentar contribuições importantes para o resgate da soberania energética e o desenvolvimento nacional. A Petrobrás e a Eletrobrás precisam voltar a investir no Brasil e têm muito a contribuir para a reindustrialização do país”, afirma o coordenador da FUP.
Ele lembra que em 2021 e em 2022, a categoria petroleira discutiu e aprovou em plenárias uma série de propostas para reconstrução da Petrobrás e fortalecimento da indústria nacional de óleo e gás. As propostas foram ratificadas pela Setorial Nacional de Energia e Recursos Minerais do PT, que é coordenada pelo petroleiro José Maria Rangel, ex-coordenador geral da FUP.
As propostas foram apresentadas diretamente a Lula, no final de março, e discutidas posteriormente com a equipe técnica e a coordenação de campanha do candidato petista. Várias das proposições feitas foram incorporadas ao capítulo de Energia do plano de governo de Lula.
Pela reconstrução da Petrobrás
Os petroleiros defendem que a Petrobrás retome o protagonismo no refino para que possa garantir a autossuficiência na produção de derivados, o que será fundamental para uma nova política de preços dos combustíveis, que se contraponha à paridade de importação (PPI). Neste sentido, a FUP propõe a retomada das obras do Comperj, a conclusão do trem 2 da Refinaria Abreu e Lima, a ampliação do atual parque de refino e a reestatização das unidades privatizadas.
Da mesma forma, a FUP e seus sindicatos defendem a retomada da participação da Petrobrás no setor de fertilizantes nitrogenados, com a reabertura da FAFEN-PR, a conclusão da fábrica de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, e o resgate das FAFENs Bahia e Sergipe, que foram arrendadas. Além disso, é importante que a estatal volte a atuar na distribuição de derivados no Brasil, resgatando a marca da BR Distribuidora, que foi arbitrariamente cedida para a Vibra, durante o processo de privatização da subsidiária.
Os investimentos em energia renovável também fazem parte da proposta da FUP para que a Petrobrás volte a ter papel de destaque na transição energética. Os petroleiros entendem que é fundamental que a estatal atue na ampliação de matrizes limpas, como a eólica, além de fortalecer a produção de biocombustíveis, que foi desmontada no governo Bolsonaro.
Equipe de transição – GT de Minas e Energia
- Anderson Adauto, ex-ministro dos Transportes;
- Deyvid Barcelar, coordenador geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP);
- Fernando Ferro, ex-deputado federal;
- Giles Azevedo, ex-secretário executivo do Gabinete Pessoal da Presidência no governo Dilma;
- Guto Quintel, membro do conselho diretor do Centro de Empreendedorismo da Amazônia;
- Ikaro Chaves, diretor da Associação dos Engenheiros e Técnicos do Sistema Eletrobras e membro do Coletivo Nacional de Eletricitários (CNE);
- Jean Paul Prates, senador;
- Magda Chambriard, coordenadora de pesquisa na FGV Energia;
- Mauricio Tolmasquim, ex-secretário-executivo e ex-ministro interino de Minas e Energia;
- Nelson Hubner, ex-secretário-executivo e ex-ministro interino de Minas e Energia;
- Robson Sebastião Formica, da Coordenação Nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB);
- William Nozaki, coordenador técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep)