Às vésperas da 14ª Rodada da Agência Nacional do Petróleo (ANP), que nesta quarta-feira, 27, colocará em leilão 287 blocos exploratórios de petróleo, Pedro Parente tenta justificar para os trabalhadores o papel cada vez mais secundário que a Petrobrás vem exercendo na indústria petrolífera brasileira. Em sua mais recente carta aos empregados, divulgada ontem (25/09), ele defende a aceleração dos leilões de petróleo e reforça a reestruturação que sua gestão vem fazendo, ao reduzir drasticamente o portfólio exploratório da companhia.

Qual a razão de fazer esse tipo de comunicado aos trabalhadores, se não abrir para a concorrência a sua estratégia? Para quem ainda tinha dúvidas sobre as intenções dele, caiu de vez sua máscara de entreguista.

Presidente licenciado da Prada, consultoria de investimentos especializada em maximizar as grandes fortunas brasileiras, Parente já assumiu a Petrobrás declarando ao mundo que as gestões anteriores “endeusaram” o Pré-Sal e defendeu que a empresa deixasse de ser a operadora única destas reservas. Sob seu comando, ativos estratégicos estão sendo vendidos a preços ínfimos, enquanto as reservas retrocedem e a Petrobrás caminha a passos largos para ser uma empresa de escritório.

Entre julho e agosto, sua gestão anunciou ao mercado o início da privatização de 50 campos de produção terrestre no Rio Grande do Norte e Bahia e de outras 30 concessões em águas rasas em cinco estados do país, o que significará a entrega de 74 plataformas de exploração e produção de petróleo.

Enquanto Pedro “Prada” Parente transforma a Petrobrás em uma mera coadjuvante do setor mais promissor da economia nacional, as empresas estrangeiras avançam sobre as nossas reservas. Os ativos que ele desdenha são cobiçados por petrolíferas do mundo inteiro. Afirmar que a redução dos índices de conteúdo local e dos royalties atraiu investimentos para o país é enganar o trabalhador. As benesses concedidas pelo governo Temer aumentarão ainda mais as margens de lucro das empresas no longo prazo. O que de fato atrai as operadoras estrangeiras é a viabilidade econômica das reservas brasileiras de petróleo.

Justamente o que Pedro “Prada” Parente, dissimuladamente, nega em sua cartinha aos empregados. “Não basta que uma área tenha risco baixo e esteja numa região promissora: uma eventual descoberta deve ter uma razoável probabilidade de ser viável do ponto de vista econômico”, afirmou ele no comunicado aos empregados.

O resultado dessas escolhas é um desastre total para o povo brasileiro. Neste momento de forte recessão econômica e de estagnação da indústria nacional, não é aceitável que o país abra mão de receitas, empregos e renda para beneficiar as petrolíferas estrangeiras. Além disso, a aceleração dos leilões de petróleo significará em médio prazo na desnacionalização e na exploração predatória de uma das maiores riquezas que a nossa nação possui. “Em um contexto de dificuldades da indústria nacional e de políticas governamentais que estimulam as importações, (a aceleração dos leilões) provocará uma expressiva desnacionalização do setor e da cadeia de fornecedores, reduzindo a capacidade nacional do controle das riquezas geradas pela renda do petróleo”, alerta o Grupo de Estudos Estratégicos e Propostas para o Setor de Óleo e Gás (GEEP/FUP).

Com a redução de sua participação exploratória nos blocos ofertados, a Petrobrás cede espaço para as grandes petroleiras estrangeiras e, consequentemente, fortalece os setores produtivos de outros países, em detrimento da indústria nacional. Pedro “Prada” Parente faz o jogo para o qual foi escalado, renegando a origem estatal da empresa e sepultando o papel estratégico que ela sempre teve para a soberania e o desenvolvimento do Brasil. Quem mais ganha com esse desmonte, além dos golpistas? Os investidores da Bovespa, onde ele ocupa a presidência do Conselho de Administração? Os clientes da Prada? Ou os investidores estrangeiros?

Fonte: FUP