A classe trabalhadora brasileira precisa compreender melhor a relação existente entre as disputas geopolíticas em escala mundial e as ameaças de extinção do regime de partilha na exploração do pré-sal, assim como, de esfacelamento e privatização da Petrobrás. Esta foi a principal conclusão das palestras proferidas pela senadora Fátima Bezerra (PT-RN) e pelo secretário nacional de Relações Internacionais da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB, Divanilton Pereira, durante o 30º Congresso Estadual dos Petroleiros e Petroleiras do Rio Grande do Norte. Promovido pelo SINDIPETRO-RN, o evento foi realizado em 16 de maio, no Auditório do Parque Natural da Cidade “Dom Nivaldo Monte”, em Natal.
Coordenadora da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Petrobrás, com responsabilidade pela articulação política nos Estados da Região Nordeste, a senadora Fátima Bezerra defendeu, junto aos petroleiros, a opinião de que a apuração dos casos de corrupção na Companhia tem sido instrumentalizada pela mídia e pela oposição ao Governo Dilma para favorecer uma campanha de ataques ao modelo de partilha e à própria estatal. Por isso, falando à plenária do Congresso, a parlamentar disse “estranhar profundamente” as recentes declarações do ministro das Minas e Energia, Eduardo Braga, externadas em evento realizado nos Estados Unidos, que chegou a defender a abertura do debate em torno da necessidade de flexibilização daquele regime.
Para Fátima Bezerra, o modelo que estabelece a Petrobrás como operadora única do pré-sal, com participação mínima de pelo menos 30% nos campos leiloados, assim como a política que determina a exigência de aquisição preferencial de equipamentos e serviços de origem nacional na indústria de óleo e gás, funcionam como instrumentos de alavancagem da economia brasileira. “Esses mecanismos não devem ser fragilizados, sob o risco de perdermos o controle sobre a destinação social dos recursos provenientes da exploração do petróleo, particularmente, no que diz respeito à aplicação na Educação e na Saúde”, opinou a senadora.
Ao finalizar sua participação no 30º CEPETRO-RN, a senadora Fátima Bezerra informou que a Coordenação da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Petrobrás deverá se reunir com o ministro das Minas e Energia no decorrer desta semana (18 a 22/05). Também comunicou que a Câmara Federal promoverá um Ciclo de Debates, seguido de Audiências Públicas nos estados, começando pela Região Norte, para dialogar sobre a indústria do petróleo e o papel estratégico da Petrobrás.
Estratégia – Compreender os ataques ao pré-sal, à Petrobrás e ao Governo Dilma como parte de uma estratégia mundial das potências imperialistas, lideradas pelos EUA, foi o enfoque adotado pelo secretário nacional de Relações Internacionais da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB, Divanilton Pereira, ao falar sobre a ofensiva neoliberal em curso no Brasil, durante palestra realizada no 30º CEPETRO-RN.
Para Divanilton, que também é diretor do SINDIPETRO-RN, é preciso ter consciência de que o advento da onda conservadora não se restringe ao País. Segundo o sindicalista, a ordem imperialista tem buscado interromper, por diversos meios, inclusive militares, os processos de transição rumo à multipolarização das relações de poder no mundo. É o que ocorre hoje na América Latina e no Caribe, na Europa Oriental e na Ásia Ocidental.
O objetivo, conforme aponta Divanilton, é tentar conter a trajetória de declínio relativo que o império estadunidense vem enfrentando, em decorrência da crise global do capitalismo. “Para relançar a hegemonia norte-americana na região e no mundo – explica ele, a estratégia adotada pelas forças políticas conservadoras, comprometidas com o capital financeiro, é brecar o surgimento de uma nova ordem mundial, fato que vem sendo protagonizado pelos BRICS”.
Ainda segundo o cetebista, não por acaso o Brasil e a Petrobrás são alvos preferenciais da ofensiva conservadora. A economia brasileira tem peso determinante na América do Sul, e a Petrobrás, respondendo por mais de 10% do PIB nacional e 5% da arrecadação de impostos, joga papel fundamental para o desenvolvimento soberano da nação, gastando cerca de R$ 100 bilhões por ano em aquisição de equipamentos e bens que vão de contratos com construtoras a empresas de alimentação e higiene e limpeza. De acordo com o Dieese, somente em 2013 a empresa gastou, em média, R$ 383 milhões diários em compras de equipamentos e em obras.