A Petrobrás demitiu arbitrariamente o petroleiro Alessandro Trindade, diretor do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF). A demissão foi por justa causa, sob a alegação de que o empregado teria participado da ocupação denominada Campo dos Refugiados, em um terreno em desuso da empresa, em Itaguaí.
Alessandro de fato esteve no local, mas representando o movimento Petroleiros Solidários, que distribui cestas básicas para famílias em situação de vulnerabilidade, com doações de trabalhadores da Petrobrás. Quando o terreno em Itaguaí foi ocupado no dia primeiro de maio, avisaram ao Sindipetro-NF e à FUP, solicitando ajuda na arrecadação de alimentos para as famílias. Alessandro, diretor do sindicato, prontamente atendeu ao pedido de levar cestas básicas àquelas pessoas, que não tinham o que comer. A gestão da Petrobrás, desde então, passou a acusar o sindicalista de fazer parte da organização da ocupação, o que já foi desmentido por ele.
“Até onde apurei, depois dos fatos, a ocupação do terreno da Petrobrás em Itaguaí ocorreu às 04h do dia 1° de maio de 2021. Naquele momento eu estava em minha casa, e pouco depois me dirigi a atividade comemorativa do Dia do Trabalhador, na Lapa, no centro do Rio de Janeiro. Por conta do projeto Petroleiros Solidários, que desenvolvo com minha família e companheiros empregados da Petrobrás há mais de um ano, fui chamado por moradores da vizinhança de meu bairro, Padre Miguel, para prestar auxílio às famílias em situação de fome na ocupação. Imediatamente entrei em contato com a diretoria do Sindipetro/NF, entidade da qual sou diretor do departamento jurídico, e a diretoria de pronto tomou a atividade como tarefa do movimento sindical, e me incumbiu de comparecer ao local, o que fiz no mesmo dia 1° de maio, mas já por volta de 11h30, levando alimentos aos necessitados, como havia sido incumbido pela direção”, relatou Alessandro, em ofício enviado à Petrobrás, após ser acusado pela empresa de “prática de não conformidade”, na forma de “apoio à invasão de terreno de propriedade da Petrobrás”.
Ele explica que o movimento Petroleiros Solidários começou no início da pandemia da covid-19, quando o desemprego, que já tinha números alarmantes, aumentou substancialmente. Alessandro criou, na ocasião, este movimento e vem, desde então, contando com a ajuda de vários trabalhadores e trabalhadoras da empresa. Já foram distribuídas 4 mil cestas básicas.
Junto com a FUP e o Sindipetro-NF, o petroleiro também vem participando das ações de venda subsidiada de combustíveis a preços justos, como o gás de cozinha, que tem sido distribuído a 40 reais para famílias de baixa renda. Já foram entregues nestas ações 2 mil botijões de gás de cozinha em diversas comunidades do Rio de Janeiro.
“Conheço o Alessandro Trindade (Careca), há anos, e sempre admirei e apoiei sua história de luta e solidariedade. Essa é mais uma ação antissindical, injusta e ilegal da gestão da Petrobrás contra um lutador que defende trabalhadores e ajuda a levar comida a necessitados com muito amor e solidariedade. Não vamos baixar a cabeça, calar a nossa voz, nem deixar de fazer as nossas ações solidárias e de luta. Reverteremos mais essa punição na luta e resistência, na Justiça e nas urnas”, afirma o coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar.
O coordenador do Sindipetro NF, Tezeu Bezerra, também condenou a demissão arbitrária do companheiro e afirmou que a entidade vai reagir. “O sindicato não vai silenciar diante desta injustiça. Continuaremos lutando junto à toda a categoria petroleira por comida no prato de todo o povo brasileiro. Vamos buscar todos os recursos possíveis para reverter esta demissão injusta”, declarou.