O Conselho Nacional de Política Energética aprovou na semana passada, mais precisamente no dia 12, o leilão de quatro áreas de exploração do pré-sal. A medida – pensada para reduzir o escopo da participação da endividada Petrobras no processo – foi bem recebida pelo mercado, mas uma fatia da população a considera “entreguista”.
É o caso da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet). Crítica do que classifica como “desmonte da estatal”, a organização de manifestou veementemente contra primeiro ao fim da obrigatoriedade de participação de 30% da Petrobrás em todas as explorações do pré-sal quanto, mais recentemente, pela extração nestas áreas por multinacionais.
Diante da possibilidade de acordo da BR com a ExxonMobil, uma das maiores empresas do setor a nível mundial, o vice-presidente da Aepet, Fernando Siqueira, atacou os movimentos do CEO Pedro Parente.
“O Pedro Parente está vendendo, leiloando áreas […]. Em 2002, ele era presidente do Conselho da Administração da Petrobras e quando comandava um processo de desnacionalização da empresa que chegou até a mudar o nome para Petrobrax. Esse processo foi interrompido com a eleição de Lula e agora o Parente está de volta para retomá-lo. Essa lei escancarou o pré-sal para empresas estrangeiras como era, inclusive o objetivo do golpe contra o governo da Dilma Rousseff, barganhar os bens brasileiros”, denuncia.
Siqueira vai além e acredita que o momento político brasileiro atual está intimamente ligado ao acesso de países desenvolvidos ao petróleo nacional, bem que considera estratégico.
“Existe uma pressão de países como os Estados Unidos em nos tomar o pré-sal, que é uma das maiores descobertas do setor dos últimos 50 anos, entre a 3ª e 4ª maior reserva do mundo no quintal deles. Portanto, uma presa fácil”, analisa Fernando.
Melhoria de confiança no mercado financeiro
O debate em torno da privatização dos campos do pré-sal ainda deve render ao longo do ano, mas ao menos para o mercado financeiro, as mudanças promovidas pelo governo Temer surtiram efeito.
A Moody’s, uma das maiores agências de análise de risco do mundo, elevou a nota da Petrobras de B2 para B1 com perspectiva positiva. Na prática, isso significa que de acordo com parâmetros da agência, a estatal se tornou mais capaz de honrar compromissos com investidores.
A agência justificou a decisão dizendo que a Petrobras melhorou a liquidez, o que proporcionou acesso ao mercado de capitais que ajuda a refinanciar sua dívida. A perspectiva positiva ressalta a possibilidade de melhora nos índices no curto prazo se a política continuar, embora a estatal ainda esteja quatro graus abaixo do grau de investimento, ou “selo de bom pagador”.