A Petrobras, comandada pelo general Joaquim Silva e Luna, lançou uma campanha publicitária milionária para tentar justificar a alta no preço dos combustíveis. Os preços da gasolina no Brasil são os maiores em um século, muito embora o país tenha feito a maior descoberta de petróleo no mundo dos últimos cinquenta anos.

Segundo especialistas e Sindicatos do setor petróleo, os preços são abusivos e vêm sendo cobrados a valor de dólar desde que o golpe de 2016 foi consumado, com o governo de Michel Temer.

Na opinião destas entidades, o objetivo central é desviar a renda do petróleo do pré-sal, que seria dos brasileiros, para os acionistas privados da estatal. As consequências dessa prática têm trazido o aumento da fome, da miséria e da inflação no Brasil.

Para a Federação Única dos Petroleiros – FUP, a Petrobras lançou mais uma propaganda enganosa sobre os preços dos combustíveis. “O anúncio enganoso, em sotaque estrangeiro, adota a estratégia negacionista do Governo Federal, atribuindo a terceiros a causa principal dos aumentos dos preços da gasolina”, afirma o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, lembrando que em alguns postos do país já superam R$ 7,00 por litro, como é o caso de Natal .

A propaganda fala em “transparência”. Mas, para o dirigente, é mesmo “para inglês ver e ouvir”. “A empresa esconde a verdade ao não mencionar que os seguidos reajustes são determinados pela política de Preço de Paridade de Importação (PPI) adotada pela empresa e que norteia os demais agentes do mercado”, comenta o coordenador.

Pelo PPI, a direção da Petrobras reajusta os preços de acordo com a variação do dólar e a cotação internacional do petróleo, além dos custos de importação, mesmo o Brasil sendo autossuficiente em petróleo, com grande parte de seus custos em real. Segundo cálculos da assessoria econômica da FUP, cerca de 1/3 de seus custos de produção de petróleo e refino possuem uma aderência ao câmbio e aos preços internacionais.

No seu anúncio, a Petrobras se responsabiliza por R$ 2,33 por litro de gasolina na bomba. “A propaganda omite que, que, individualmente, a Petrobrás fica com a maior parte do preço total”, ressalta Bacelar.

O comercial não mostra que é a gestão da Petrobras que está aumentando o preço do combustível, favorece importadoras de gasolina e diesel, já que a capacidade de suas refinarias estão sendo subutilizadas (em torno de 75%). Não revela também que a Petrobrás está elevando sua participação na composição do preço: o preço da refinaria (Petrobrás) saiu de 28,7%, em 2017, e atingiu 33,4% agora, em 2021, como mostra a série histórica no quadro abaixo.

“A Petrobras recorreu a uma campanha publicitária de peso, inclusive no horário nobre da TV, na tentativa de se defender das críticas à alta dos preços dos combustíveis. A estatal petrolífera vem sendo atacada sistematicamente pela classe política, incluindo o presidente Jair Bolsonaro e líderes da oposição. Na propaganda, a companhia alega ser responsável por apenas uma das cinco parcelas do preço final da gasolina no país e que recebe, hoje, R$ 2,33 pelo litro do derivado”, segundo reportagem do Valor.

“Na semana passada, após a companhia apresentar um lucro líquido de R$ 31,142 bilhões no terceiro trimestre e anunciar uma nova antecipação de dividendos aos acionistas, no valor de R$ 31,8 bilhões, o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, saiu em defesa da administração da petroleira, ao afirmar que a ‘maior contribuição’ que pode dar à sociedade é o pagamento de tributos e dividendos e que o Estado, sendo responsável pelas políticas públicas, pode escolher o que fazer com o dinheiro que recebe da estatal”, aponta ainda a matéria.

Segundo o diretor do SINDIPETRO-RN, Pedro Lúcio de Gois, a solução para baixar os impostos é alterar a política de preços praticados pela Petrobrás e utilizá-la pensando no povo brasileiro, destinando parte do lucro para benefício da população. “Temos, ainda, que re-estatizar as refinarias, colocando todas elas pra funcionar, além de cancelar as privatizações e adotar um critério nacional, e não internacional de preços, afinal, a Estatal sempre produziu, refinou e vendeu nacionalmente”, complementou ele.