Sem conseguir resolver a grave crise de saúde que assola o Brasil – após um ano de pandemia de covid-19 num país sem governo – o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello está por um fio. O ministro-general deveria alegar problemas de saúde, a dele mesmo, segundo informações de O Globo, e deixar o cargo a qualquer momento.
Mais tarde, disse estar bem de saúde, mas que entregaria o cargo se o presidente Jair Bolsonaro pedir. Enquanto isso, o governo Bolsonaro procura um substituto às voltas com dilemas cruéis: atender os pleitos de sua base fisiológica no Congresso, e indicar um nome pedido pelo Centrão; ou enfrentar seu próprio negacionismo e indicar um especialista de fato em saúde.
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Bolsonaro já teria cogitado nomear o médico Luiz Antônio de Souza Teixeira Júnior, de 45 anos, o deputado federal Dr. Luizinho (PP-RJ), eleito em 2018. Foi secretário de Saúde do Rio de Janeiro, entre 2016 e 2018. E exerceu o mesmo cargo em sua cidade natal, Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, entre 2013 e 2015.
Dr. Luizinho integra a Comissão Externa do Coronavírus e preside, ainda, a Comissão de Seguridade e Saúde da Câmara. Mas teria enfrentado resistência do ex-ministro Ricardo Barros, também deputado do PP – que seria ele próprio postulante a substituir Pazuello para assumir a pasta que já chefiou no governo de Michel Temer.
Porém, Bolsonaro, acuado pelo efeito Lula, após o contundente pronunciamento da última quarta-feira (11) do ex-presidente, estaria procurando um especialista da área. A jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, crava que o presidente acuado já teria conversado com a cardiologista Ludhimila Hajjar, do Incor e da rede de hospitais Vila Nova Star. Inclusive, Ludhimila já estaria em Brasília. Marcelo Queiroga, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, seria outro nome cogitado.
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Ser ou não ser ministro de Bolsonaro
Mas que profissional sério, qualquer que seja sua inclinação ideológica, aceitaria comandar uma pasta chave para o momento do país, subordinada a um governo que pratica a necropolítica e o negacionismo científico?
O ex-ministro da Saúde, Artur Chioro, questiona que mudança faria alguma diferença para a saúde do país. “Quanto tempo sobreviverá um ministro da saúde que tenha empatia e respeite o sofrimento do povo brasileiro? Poderá pautar suas decisões e ações em evidências científicas, pelo cumprimento de seu papel de coordenador do SUS e respeitará o pacto interfederativo? Sem isso, tudo continuará como antes”, afirmou.
Para se ter ideia, voltou a circular um vídeo em que Ludhmilla Abrahão Haijar defende o isolamento e o distanciamento social, o uso de máscaras e o rastreamento de infecções por meio de testagem em massa como forma de prevenção. Ela considera o desenvolvimento de vacinas como promissor e também condena métodos “supostamente” preventivos, como uso de medicamentos ineficazes como a cloroquina. Assista aqui. E passaram a circular piadas que Bolsonaro, depois de ouvir isso, não a indicaria.
Para debater o enrosco – com preocupação antes política do que científica – Bolsonaro teria se reunido no sábado com o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL, olha o PP aí de novo). E depois, com o próprio Eduardo Pazuello, além dos ministros Walter Braga Netto (Casa Civil), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e Fernando Azevedo (Defesa) no hotel de Trânsito do Exército.
A saída do dilema passa pelos militares que tentam monitorar o governo. Os militares ficaram amuados após a fala de Lula, em que afirma que teria demitido um “servidor” como Eduardo Villas Bôas por ter praticado ingerência política nos rumos da democracia do país – papelão inclusive vetado pelo código de ética das Forças Armadas.
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“Pazuello erra, e erra muito”
Então secretário-executivo da pasta, Pazuello assumiu o Ministério da pasta em 16 de maio do ano passado, com a saída de Nelson Teich. Em 2 de junho foi nomeado ministro interino e empossado como titular em 16 de setembro.
A indecisão, em plena pandemia do novo coronavírus, foi considerada como uma mostra do descaso de Jair Bolsonaro com a saúde dos brasileiros. O general substituiu o médico Nelson Teich, que esteve à frente do Ministério da Saúde entre 17 de abril e 15 de maio. Teich, por sua vez, assumiu no lugar de Luiz Henrique Mandetta, ministro desde a posse de Bolsonaro até ser demitido em 16 de abril.
Teich e Mandetta caíram por discordar das posições negacionistas do presidente da República. Mandetta, hoje, tem o nome construído por setores da elite política que procuram uma “terceira via” para 2022.
A gestão parece ter feito mal à saúde de Pazuello. Isso porque ele acabou obrigado a corroborar as sandices do presidente Bolsonaro. Dentre elas, um manual de incentivo ao uso de cloroquina e a inação diante das mortes no Norte do Brasil, por falta de oxigênio.
Brasil de Fato