Os dados do 2º Censo da diversidade, realizado entre 17 de março e 9 de maio, causaram surpresa até no Comando Nacional dos Sindicatos dos Bancários. As mulheres continuam sendo discriminadas pelas instituições financeiras. Recebem somente 77,9% do salário médio pago aos homens, mesmo os dois exercendo as mesmas funções.
Na comparação com o primeiro censo, feito em 2008, a situação melhorou, mas foram pífios 1,5% de alta, segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos socioeconômicos). Ele mostra, por exemplo, que se esse ritmo de correção das distorções não mudar, ainda demoraria 88 anos para que as bancárias passassem a receber salários iguais aos dos colegas homens.
“Segundo dados do Dieese, as bancárias recebem 20% a menos que os homens, um dado que demonstra a realidade da categoria, não sendo uma questão particular de cada banco, mas que envolve toda a categoria. Outro item importante a abordar são as diferenças de cargos e salários para a mulher nos bancos, com mulheres ocupando mais cargos operacionais e ficando à margem dos cargos executivos. Isso tornou essas posições um privilégio do gênero masculino”, disse Andréia Barcelos, do núcleo da CTB, dirigente do Sindicato dos Bancários de São Paulo. Ela ainda crescentou que “as mulheres bancárias estudam mais que os homens, mas ainda assim ocupam menos cargos executivos dentro da categoria bancária”.
Na Região Sudeste, a mais rica do país, a diferença salarial de gênero é ainda maior. Demoraria aproximadamente 234 anos para as mulheres atingirem a mesma remuneração dos homens.
O censo que chegou a essa conclusão teve participação de 187.411 trabalhadores bancários, de um total de 458.922 contratos de trabalho no ramo financeiro – o equivalente a 41% dos funcionários pelo setor. Desse montante, 51,7% são homens e 48,3%, mulheres. Durante a reunião com o Comando Nacional dos Bancários, no primeiro semestre, também foram apresentados os dados solicitados pela Contraf (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) sobre os números de afastamento do trabalho registrados pelos bancários em anos recentes.
A presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Juvandia Moreira, cobrou providências para mudar esse cenário. Os bancários fizeram greve de sete dias na semana retrasada para cobrar, além de reajuste salarial, melhorias nas condições de trabalho. “Cobramos dos bancos propostas concretas para que se diminua essa diferença de salários entre homens e mulheres e todos tenham igual oportunidade de ascensão na carreira”, afirmou Juvandia.
Em nota, a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) disse não ter conhecimento dos resultados. Mesmo assim, ela considera os resultados parciais e incompletos. A Fenaban informou que os dados apresentados foram apenas uma prévia e, por isso, não iria comentá-los.
Fonte: Portal CTB com agências