O Clube de Engenharia, juntamente com entidades empresariais e outras associações de engenheiros e profissionais de engenharia, articulou com a Frente Parlamentar em Defesa da Engenharia, Infraestrutura e Desenvolvimento Nacional, a divulgação de um Manifesto. Os signatários denunciam a asfixia da demanda para a produção nacional; o amesquinhamento do papel do BNDES como instrumento de promoção de desenvolvimento; e a dilapidação de ativos da Petrobrás, vendidos sem transparência na “bacia das almas”. Ressaltando que não se consideram xenófobos, o manifesto dos engenheiros afirma ainda que o Brasil, uma das dez maiores economias do mundo, não pode ser reduzido à condição de mero exportador de grãos, de carnes e recursos minerais, pois, abrir mão da nossa base industrial nos remete novamente à condição de colônia.
Entidades representativas da Engenharia deste signatárias e a direção da Frente Parlamentar em Defesa da Engenharia, Infraestrutura e Desenvolvimento Nacional manifestam sua preocupação com a contínua deterioração da nossa economia, o que acarreta dificuldades crescentes para empresas e trabalhadores, e propõem-se a uma atuação pública e conjunta no sentido de oferecer ao País alternativas que possibilitem superar a crise e retomar o desenvolvimento.
As compras governamentais – sejam de custeio, sejam de investimentos – passam por um processo deliberado de drástica contenção, asfixiando a demanda para a produção nacional. Por outro lado, a sobrevalorização do real desorganiza cadeias produtivas e dificulta a inserção internacional das empresas aqui instaladas. Na contramão das demais economias industrializadas, que dispõem de agências de investimento destinadas a alavancar a exportação de bens e serviços, aqui amesquinha-se o papel do BNDES como promotor do nosso desenvolvimento econômico e social.
Nesse quadro, é dramática a situação da nossa Engenharia. A Petrobras, que ao longo da sua história sempre foi a âncora do nosso desenvolvimento industrial, responsável pela cadeia de mais de 5.000 fornecedores nacionais e estrangeiros, está sendo dilapidada de ativos valiosos, vendidos sem transparência na “bacia das almas” e passa a fazer coro com as petroleiras estrangeiras para combater políticas de conteúdo local, indispensáveis à sobrevivência de empresas e de empregos, e também para prorrogar por mais 20 anos a maior renúncia fiscal da nossa história, o Repetro, quando se sabe quão difícil é a situação financeira da União e dos Estados, diante da queda contínua da arrecadação de impostos. O Brasil, ainda uma das dez maiores economias do mundo, não pode ser reduzido à condição de mero exportador de grãos, de carnes e recursos minerais. Abrir mão da sua base industrial nos remete novamente à condição de colônia.
Não somos xenófobos. Representamos aqui o conjunto de empresas instaladas no país sem distinção entre o capital nacional e ou o estrangeiro. Não temos medo da competição. Não podemos, todavia, concordar com a exclusão sistemática das nossas empresas de processos licitatórios, como pode ocorrer na reativação das obras do COMPERJ, para a qual a Petrobras convidou apenas empresas estrangeiras, a menos que essas empresas venham a operar no Brasil, gerar empregos e contratar máquinas e equipamentos fabricados aqui.
Urge a reorientação da política econômica, no sentido da redução mais rápida da taxa de juros, da racionalização da carga tributária e da retomada dos investimentos públicos, que possibilite a retomada da produção industrial e a recomposição do poder de compra das famílias, sob pena de crescer a insatisfação social e de levar à liquidação forçada do nosso parque industrial.
Conclamamos, assim, a sociedade a se engajar no combate ao desmonte da nossa economia, para permitir a retomada do nosso desenvolvimento econômico e social. O maior patrimônio de um povo é seu mercado que gera demanda e mercado é população com emprego. Não queremos que o Brasil seja reconhecido como um simples exportador de commodities.
A Diretoria
Clube de Engenharia
Fonte: http://www.portalclubedeengenharia.org.br/info/a-nacao-brasileira