Começa nesta quarta-feira, 23, em Brasília, a reunião do Conselho Deliberativo da Federação Única dos Petroleiros – FUP. A instância é formada pelos diretores da entidade e por um representante de cada sindicato filiado. A pauta de discussão contempla uma avaliação da disposição de luta manifestada nas assembleias realizadas recentemente em todas as principais bases da Petrobrás no país e a definição de estratégias para o agendamento e deflagração da greve por tempo indeterminado.
Antes de negociar cláusulas específicas relacionadas ao Acordo Coletivo, os trabalhadores reivindicam a discussão de uma pauta que remete à defesa da integridade do Sistema Petrobrás e que se opõe ao Plano de Negócios e Gestão 2015/2019, aprovado pelo Conselho de Administração da Companhia. Além de cortar investimentos e reduzir custos, o PNG prevê a venda de ativos e orienta a concentração de recursos em atividades de exploração e produção na área do pré-sal.
Na avaliação da categoria petroleira, tais medidas, como admitiu o próprio presidente da Petrobrás, Aldemir Bendine, destinam-se a “aumentar a rentabilidade imediata dos acionistas”. E, caso essa orientação gerencial permaneça, a Companhia corre o risco de ser desmantelada, transformando-se numa empresa segmentada, focada na exploração e produção de óleo cru, extraído do pré-sal, sem qualquer preocupação com a geração e promoção de mais empreendimentos e empregos de qualidade nas demais regiões do país.
Diversionismo – Em 3 setembro, dois meses depois de protocolada a “Pauta pelo Brasil”, a direção da Petrobrás promoveu uma manobra diversionista. Para evitar a discussão proposta pela FUP e Sindicatos, a companhia comunicou que a campanha reivindicatória não seria mais realizada coletivamente, propondo o fatiamento da negociação, em reuniões separadas com cada subsidiária. Ao mesmo tempo, os gestores apresentaram uma proposta para as cláusulas sociais do Acordo Coletivo 2015/2017 e, logo em seguida, para as cláusulas econômicas.
Tanto o “novo” modelo de negociação quanto a proposta para o ACT confirmam as análises dos trabalhadores sobre os objetivos da gestão Bendine: penalizar a força de trabalho e a sociedade para preservar os interesses dos acionistas privados. O reajuste salarial proposto, de 5,73%, nem sequer repõe as perdas decorrentes da inflação. Na prática, significa uma redução nos vencimentos, já que o IPCA em setembro chegou aos 9,53%. Já, o fracionamento da negociação em diferentes mesas tem o claro propósito de dividir e enfraquecer a categoria, a fim de subtrair conquistas trabalhistas e impor o desmonte do Sistema Petrobrás.
Para fazer frente à estratégia adotada pela Direção da Companhia, a categoria petroleira precisa se manter firme e mobilizada. A preparação da greve, por tempo indeterminado, com controle da produção, exige elevada consciência e disposição de luta. O Conselho Deliberativo, que se reúne a partir desta quarta-feira, terá uma importante missão: costurar e assegurar a mais ampla unidade política e de ação, em defesa da Petrobrás, do pré-sal e dos interesses soberanos dos trabalhadores e do povo brasileiro.