Definir o futuro da Petrobras no Nordeste e uma estratégia conjunta para aproveitar o potencial energético e econômico da região. É com este objetivo que o Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste (Consórcio Nordeste) e o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, se reúnem no próximo dia 19 de junho, na sede da estatal, no bairro da Cidade da Esperança, em Natal.
Proposta pela governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), a reunião será palco da discussão sobre o desenvolvimento de projetos para a região Nordeste, que possui uma participação importante e um grande potencial no setor de energias renováveis.
O encontro integra um esforço conjunto do Consórcio Nordeste e da Petrobras em reverter a estratégia adotada pela Petrobras durante o governo de Jair Bolsonaro, que buscava reduzir drasticamente a presença da empresa na região Nordeste. Em 2019, o então presidente da estatal, Roberto Castello Branco, chegou a afirmar que, em 2022, a empresa seria essencialmente concentrada nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo, no Sudeste, considerando o Nordeste como “irrelevante”.
Durante a gestão de Castello Branco, a Petrobras intensificou a venda de ativos, focando na produção de óleo e gás no pré-sal. Foi vendida a maioria dos campos maduros: a Refinaria Landulpho Alves (BA), a malha de gasodutos operada pela Transportadora Associada de Gás (TAG) e a participação na Gaspetro, empresa de distribuição de gás. A estatal reduziu sua presença no Nordeste, mas manteve investimentos na produção de óleo e gás em águas profundas de Sergipe e na exploração na margem equatorial.
Desde que assumiu a presidência da Petrobras, Jean Paul Prates tem falado em fortalecer a presença da empresa no Nordeste. A estatal está reavaliando a venda de ativos de óleo e gás na região, ao mesmo tempo em que busca transformar o Nordeste em um importante polo de investimentos em transição energética.
No entanto, alguns processos de venda iniciados no governo Bolsonaro estão em fase de conclusão. É o caso dos ativos no Polo Potiguar, no Rio Grande do Norte O negócio com a petroleira 3R Petroleum havia sido iniciado em 2022, após aprovação do órgão regulador e teve seu desfecho na última quarta-feira (07).
A aquisição compreende três subpolos (Canto do Amaro, Alto do Rodrigues e Ubarana), totalizando 20 concessões, sendo 3 concessões marítimas e 17 concessões terrestres, além de infraestrutura de operação já instalada, como as instalações do Ativo Industrial de Guamaré (AIG), que compreendem unidades de processamento de gás natural e a refinaria de Clara Camarão.
Prates lamentou não ter sido possível o recuo na venda do Polo Potiguar. “Hoje não é um dia feliz para a Petrobras no Rio Grande do Norte”, escreveu o presidente da estatal em suas redes sociais.
Há, no entanto, uma série de outros ativos da Petrobras colocados à venda nos últimos anos cujas negociações não avançaram e que agora poderão ser reavaliados. Entre esses ativos estão a Refinaria Abreu e Lima (Rnest), localizada em Pernambuco, e as termelétricas a óleo combustível no mesmo estado, além de campos em águas rasas no Ceará e Sergipe-Alagoas.
Jean Paul Prates, em suas declarações recentes, expressou o desejo de trazer a Petrobras de volta ao Nordeste como um importante polo de investimentos. Ele ressaltou as oportunidades existentes no Rio Grande do Norte, como a possibilidade de atividades de energia eólica offshore, além da campanha de exploração prevista para avaliar a descoberta de Pitu, localizada em águas profundas na Bacia Potiguar.
No entanto, até o momento, não há informações concretas sobre as diretrizes que serão adotadas pela Petrobras em relação aos investimentos na região, de acordo com o plano de negócios concebido em gestões anteriores.
No mês de janeiro, representantes do Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do Norte (Sindipreto-RN) entregaram a Jean Paul Prates um documento contendo uma lista de projetos e investimentos considerados essenciais para o fortalecimento da economia e a permanência da Petrobras no estado. Esse documento reflete uma avaliação dos impactos negativos causados pela política de desinvestimentos implementada nos governos que se seguiram ao impeachment da presidente Dilma Rousseff em 2016. Os sindicalistas basearam suas demandas em dados consolidados após anos de estudos e análises sobre a produção de petróleo e gás no Rio Grande do Norte.
Após o encontro com trabalhadores e sindicalistas do Rio Grande do Norte e da Bahia, Jean Paul Prates garantiu que a Petrobras permanecerá nos estados.