[Da Rede Brasil Atual]
A pouco mais de duas semanas das eleições, a Petrobras anunciou nesta segunda-feira (12) redução de 4,7% no preço do gás de cozinha. A redução no custo do botijão de 13 quilos, que vale a partir de amanhã, será de R$ 2,60. Assim, o preço do botijão nas distribuidoras passa de R$ 54,94 para R$ 52,34, em média. No entanto, em janeiro de 2019, o botijão custava R$ 25,24. Ou seja, durante o governo Bolsonaro, o combustível registrou alta de 117,6%, até o mais recente reajuste.
Já o preço do gás de cozinha ao consumidor teve alta de 28% nos últimos 12 meses, apontado como um dos principais vilões da inflação. Dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) apontam que o preço médio do botijão de 13 kg saltou de R$ 87,43 em junho de 2021 para R$ 112,55 no mesmo mês deste ano. No ano passado, gás de botijão teve aumento ainda maior, de 36,99%, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE.
Assim como ocorreu com a gasolina e o diesel, as altas do gás nesse período decorrem da política de Preço de Paridade de Importação (PPI), que a Petrobras adota desde outubro de 2016. Assim, a companhia repassa as variações do petróleo no mercado internacional – com cotação em dólar – diretamente ao consumidor brasileiro. Além disso, o PPI também considera custos de logística para importação que são inexistentes. Tal política beneficia principalmente os acionistas da Petrobras – a maioria estrangeiros – e empresas importadoras de combustíveis, em detrimento da maioria da população.
Cálculo eleitoreiro
Nesse sentido, a Petrobras também atribui a redução recente no gás de cozinha à queda do preço do petróleo no mercado internacional. A Federação Única dos Petroleiros (FUP), entretanto, contesta essa afirmação. Isso porque o barril de petróleo tipo brent (referência internacional), que era negociado no início de junho a USS$ 123 caiu para os atuais US$ 94, redução de 23% no período. Assim, a Petrobras já poderia ter reduzido anteriormente os preços do gás de cozinha. Ela o faz só agora, segundo os petroleiros, por mero cálculo eleitoreiro.
“Pressionada pelo calendário eleitoral, a gestão da Petrobras virou instrumento de campanha política às vésperas das eleições, passando a reduzir o intervalo de rebaixamento dos preços dos combustíveis. A queda no preço do gás de cozinha segue essa estratégia. A vinte dias do pleito, o governo corre atrás do prejuízo, depois de três anos e oito meses de altas recordes nos preços dos derivados, reajustados com base na equivocada política de preço de paridade de importação (PPI)”, disse o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar.
Ele destaca ainda que são os mais pobres os principais afetados pela alta do preço do gás. Nos últimos tempos, as famílias chegar inclusive a trocar o gás de cozinha por lenha ou álcool, causando prejuízos à saúde e acidentes, muitas vezes fatais. Além disso, ele lembra que, enquanto o preço do botijão aumentou mais de 100% durante o governo Bolsonaro, o salário mínimo subiu 21,4%. Sem ganho real, apenas corrigido pela inflação dos últimos anos, os que ganham o mínimo viram seu poder de compra ser esmagado nesse período.