A Petrobrás deveria aumentar fator de utilização de suas refinarias, mas na contramão das necessidades do país, a atual gestão da estatal prioriza a privatização em detrimento da produção

[Da assessoria de imprensa da FUP]

Federação Única dos Petroleiros (FUP) e sindicatos filiados alertam para o risco concreto de desabastecimento do mercado interno de combustíveis, em função da política de Preço de Paridade de Importação (PPI) adotada pela Petrobrás, que reduziu a capacidade de produção interna de combustíveis e ampliou a dependência de importações de derivados por terceiros.

Há cinco anos, a FUP vem chamando a atenção para os riscos embutidos no PPI, política implantada em 2016 pelo então presidente da estatal, Pedro Parente, e seguida por Joaquim Silva e Luna, à frente da atual gestão da companhia. “Com isso, a Petrobrás, que antes era a grande importadora dos derivados, praticamente saiu desse mercado. O Fator de Utilização (FUT) das refinarias no Brasil caiu de 94% para 70%, favorecendo a importação de combustíveis e entregando cerca de um terço do mercado nacional de derivados para os importadores privados”, destaca o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar.

Para o dirigente, o que acontece hoje é lamentável. “A Petrobras poderia estar utilizando a capacidade máxima de refino das suas refinarias, aumentando dessa forma a produtividade e, consequentemente, reduzindo os custos unitários de produção desses derivados de petróleo para vender no mercado nacional a um preço mais justo, tendo como base os custos unitários – e mais nacionalizados – de produção de cada derivado, e não ligados ao PPI”, comenta.

Ele observa ainda que “esses importadores privados só vão importar se puderem cobrar preços que garantam suas margens. E como a Petrobrás praticamente não importa mais, o mercado doméstico corre risco iminente de ficar desabastecido. Esse é o PPI, refém dos importadores”. “O PPI só facilita vida de refinarias de outros países e desgasta a imagem da Petrobrás perante a população brasileira, fazendo com que a estatal perca grau de participação no mercado nacional de combustíveis”, comenta Bacelar, ressaltando ainda que todo esse processo vai ao encontro do projeto de desmonte para a privatização da Petrobrás.

O temor de desabastecimento foi apontado por empresas distribuidoras de combustíveis e também por comunicado emitido pela Petrobrás na terça-feira, 19/10, informando sobre “demanda adicional atípica de combustíveis” para o mês de novembro, “em volume acima de sua capacidade de produção”. “Demanda adicional atípica por diesel e por gasolina, em novembro, como alega a Petrobrás, soa na verdade como falta de planejamento da empresa. Já era esperada uma alta do consumo com a retomada das atividades decorrente da redução da letalidade da Covid 19 por conta da vacinação”, afirma Bacelar. Ele frisa que nada impede que a Petrobrás trabalhe com o FUT de suas refinarias próximo de 100% e, com isso, supra a demanda do mercado doméstico. “Mas na contramão das necessidades do país, a gestão da Petrobrás prioriza a privatização em detrimento da produção”, constata o dirigente da FUP.