Mais de 70 petroleiros de vários estados do país estão reunidos em Brasília no Conselho Deliberativo Ampliado da FUP para definir os próximos passos da campanha em defesa do pré- sal e contra o Plano de Desinvestimentos da Petrobrás. O encontro teve início nesta segunda-feira, 3, e se estenderá até sexta-feira, 7, com diversas atividades e debates que definirão novas estratégias de luta da categoria para barrar a venda de ativos em curso na empresa e que significará a desintegração do Sistema Petrobrás.
A FUP e seus sindicatos têm denunciado os efeitos perversos do Plano de Desinvestimentos aprovado pelo Conselho de Administração da Petrobrás, que pretende colocar à venda 57,7 bilhões de dólares em ativos e reduzir em 76 bilhões de dólares investimentos e despesas. Essas medidas, além de reduzir em cerca de 30% o patrimônio da maior e mais estratégica empresa brasileira, significarão demissões em massa e cortes de direitos, como já vem acontecendo com trabalhadores do setor naval e da construção civil e petroleiros terceirizados.
Outra importante frente de luta da FUP tem sido barrar o PLS 131, do senador José Serra (PSDB/SP), que quer tirar a Petrobrás da função de operadora única do pré-sal e acabar com a obrigatoriedade legal que garante a participação da empresa em pelo menos 30% dos campos exploratórios. Se o projeto passar pelo Senado, será o início do desmantelamento do modelo de partilha de produção, que garante ao estado brasileiro parte do petróleo produzido no pré-sal. Além do PLS 131, o PSDB tem ainda outros dois projetos em curso na Câmara e no Senado para alterar a legislação que regulamentou a exploração do pré-sal.
Análise de conjuntura e avaliação da greve do dia 24
Pela manhã, os trabalhadores debateram o atual cenário político, a partir da exposição de Antônio Augusto de Queiroz, diretor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap). Ele ressaltou a complexidade do momento, tanto do ponto de vista político, quanto econômico e institucional, destacando as dificuldades dos sindicatos e movimentos sociais em despertar a sociedade sobre os riscos que o país sofre com o avanço da direita. “Estamos vivendo um ambiente de total apatia da população, de desalento e desesperança frente à avalanche de más notícias, que diariamente é despejada pela mídia, com claro intuito de pregar o caos e de sangrar o governo”, declarou.
“Soma-se a isso uma correlação de forças desfavorável para os trabalhadores, tanto no Congresso, quanto no próprio governo, que colocou em seus ministérios representantes do mercado financeiro, do agronegócio, da indústria e do comércio”, alertou Queiroz. Para ele, a disputa dos petroleiros contra a entrega do pré-sal e contra os desinvestimentos anunciados pela Petrobrás é uma luta que depende eminentemente da capacidade de reação e de organização da categoria. “É preciso que os sindicatos e movimentos sociais tenham a clareza de que cabe muito mais a vocês do que ao governo evitar que o mercado avance não só sobre o pré-sal e a Petrobrás, como também sobre os direitos trabalhistas e as conquistas sociais”, alertou.
Na parte da tarde, os sindicatos avaliaram positivamente a greve de 24 horas realizada pelos petroleiros em 24 de julho e apontaram a necessidade de um movimento mais contundente para barrar a venda de ativos e desinvestimentos da Petrobrás. Nos próximos dias, o Conselho Deliberativo discutirá um novo calendário de lutas e os rumos da campanha reivindicatória.
Nesta terça-feira, 4, os petroleiros desenvolveram atividades no aeroporto de Brasília e visitarão cada um dos 81 senadores com o intuito de convencê-los de que se o PLS 131 do senador José Serra (PSDB-SP) passar pelo Senado, será o início do desmantelamento do modelo de partilha de produção, que garante ao Estado brasileiro parte do petróleo produzido no pré-sal.
Fonte: Informe FUP