Nesta segunda-feira, 26, a FUP ingressou com uma Ação Civil Pública na Justiça Federal contra a Petrobrás, na tentativa de impedir a venda de 49% das ações da subsidiária Gaspetro. A venda anunciada após a última reunião do Conselho de Administração da empresa, na sexta-feira, 23, rompe o modelo de integração vertical necessário a qualquer empresa de petróleo e não se justifica sequer sob a lógica do preço de mercado.

Venda suspeita

Em março de 2015, as notícias sobre a possível venda de parte da Gaspetro foram publicadas nas editorias de economia de diversos jornais do país. Em abril, Murilo Ferreira, diretor-presidente da Vale, foi nomeado presidente do Conselho de Administração da Petrobrás e, em junho, a japonesa Mitsui Gás foi cotada como provável compradora da subsidiária. No mês de setembro, com o negócio já encaminhado para a aprovação do C.A da Petrobrás, o seu presidente, Murilo Ferreira, pediu licenciamento do conselho. Será possível que Murilo tenha presidido o Conselho de Administração da maior empresa de energia do país para garantir o favorecimento do grupo Mitsui, de quem a Vale é parceira em uma série de empreendimentos?

Negócio imoral e preço vil

A proposta do Grupo Mitsui é a compra de 49% da Gaspetro por 1,9 bilhões de reais. Porém, segundo análise dos bancos JP Morgan e Brasil Plural, de Setembro de 2015, a Petrobrás poderia auferir com a venda até US$ 1,3 bilhão ou mais de R$ 5 bilhões. Se a razão deste negócio é a queda dos preços do petróleo no mercado internacional, por que, então, concluir a venda justamente agora? Considerando que a Gaspetro teve em 2014 um lucro líquido de 1,6 bilhões de reais e, que terá 49% dos resultados, o Grupo Mitsui poderá ter de volta o que investiu na compra em dois anos e quatro meses.

Redução da geração de receita

Segundo a análise feita pelo banco JP Morgan, a operação diminuirá a geração de receita da Petrobrás em até US$ 1 bilhão por ano. Portanto, a pergunta que não cala: é assim que Aldemir Bendine quer “salvar” a Petrobrás?

A Ação

A ação judicial impetrada pela FUP cobra a paralisação da venda da Gaspetro, sob pena de multa diária de R$ 1 milhão, em caso de descumprimento. Além disso, a ação também cobra a íntegra de todas as atas do Conselho de Administração da Petrobrás, a partir de 1º de março de 2015; toda a documentação, inclusive estudos prévios, relativa à venda de parte do capital acionário da Gaspetro; e a troca de correspondências entre a Petrobrás e o Grupo Mitsui, que sejam relativas ao tema.

Fonte: FUP