[Da comunicação da FUP, com informações do Ineep]

O Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis Zé Eduardo Dutra (Ineep) lançou esta semana o Diagnóstico Setorial nº 2, que tem por tema “Um diagnóstico do segmento de exploração de petróleo e gás no Brasil (2000-2023)”. O estudo faz uma análise detalhada da trajetória da atividade de exploração no Brasil nos últimos 23 anos, com um histórico dos investimentos, das mudanças no arcabouço regulatório e dos fatores ambientais que impactam a atividade no país.

Produzido por Mahatma dos Santos, diretor técnico do Ineep, e pelos pesquisadores José Sérgio Gabrielli e Francismar Ferreira, o documento tem 78 páginas e está disponibilizado no final do texto e no site da entidade. Este é o segundo Diagnóstico Setorial produzido pelo Ineep. O primeiro, lançado no primeiro semestre deste ano, tem por tema “Governança Corporativa na Petrobras – O sequestro da Estatal?” e pode ser baixado aqui.

No Diagnóstico Setorial sobre as atividades de exploração e produnção no Brasil, o estudo do Ineep aborda três fases distintas: de 2000 a 2006, marcada por “baixa atividade de perfuração, sem refletir ainda o impacto da descoberta do pré-sal”; de 2007 a 2014, que “evidenciou uma expansão acelerada das perfurações marítimas, atingindo seu auge entre 2010 e 2012”; e de 2015 a 2023, que “registrou uma significativa retração, com a atividade de perfuração offshore reduzida a cerca de um terço do nível observado na fase anterior”.

As Bacias de Campos e Santos são destaque do estudo do Ineep. A primeira “dominou a perfuração de poços entre 2000 e 2023, especialmente entre 2008 e 2012, com foco em poços pioneiros e de desenvolvimento. Já a Bacia de Santos apresentou crescimento na perfuração de poços de desenvolvimento a partir de 2012, que se manteve até 2021, coincidindo com o declínio dessa atividade na Bacia de Campos”.

Os pesquisadores chamam atenção para o protagonismo da Petrobrás na exploração e produção de óleo e gás no Brasil. “Após 2012, a Petrobras manteve uma média de perfuração quase quatro vezes maior que a das demais operadoras, mesmo com o declínio das atividades, ressaltando sua importância no setor. Esse número pode ser ainda maior, já que campos inicialmente perfurados pela Petrobras foram privatizados e agora estão sob novos operadores. No final da década de 2010, outras operadoras ampliaram sua participação percentual nas perfurações devido à redução das atividades da Petrobras, que voltou a crescer modestamente a partir de 2020”.

O diagnóstico mostra ainda o declínio das atividades de E&P após 2015,  quando “o número de novos poços produtores caiu sistematicamente, diminuindo de uma média anual de 46,5 poços entre 2012 e 2015 para 24,8 poços por ano entre 2016 e 2023”. Os pesquisadores chamam atenção para o abandono preocupante de áreas produtoras, principalmente os chamados poços pioneiros, o que, na avaliação do Ineep, pode ser um indicativo de maturidade das bacias sedimentares e de redução do sucesso exploratório no offshore.

O estudo revela que dos 658 poços marítimos pioneiros analisados entre 2000 e 2023, cerca de 82% estão atualmente fechados, devolvidos ou arrasados. Já em relação aos poços categorizados como de desenvolvimento, dos 2.240, aproximadamente 25% ainda estão ativos como poços produtores. O diagnóstico destaca “a necessidade urgente de um plano estratégico de longo prazo para descobrir novos reservatórios de petróleo e gás”.

Os pesquisadores apontam a importância dos investimentos da Petrobrás neste setor para “restabelecer uma relação equilibrada entre reservas e produção. Além disso, é de suma importância desenvolver um novo plano estratégico para o setor com metas de longo prazo e que oriente investimentos para a realização de novas descobertas de petróleo e gás no Brasil, visando a segurança energética nacional”.

O diagnóstico revela que o desmonte da Petrobrás após 2016 sedimentou “um caminho de encolhimento das atividades exploratórias da companhia, inclusive no offshore brasileiro”, o que colocou em xeque a sustentabilidade da estatal a longo prazo. “Avanços exploratórios pela estatal em áreas do pré-sal e outras fronteiras exploratórias são essenciais. O desenvolvimento de um plano exploratório robusto e orientado ao interesse coletivo, segurança energética e desenvolvimento nacional são elementos estruturantes tanto para a sustentabilidade operacional da Petrobras, como para sua
inserção no longo processo de transição energética global, segura e justa”, conclui o estudo.

Leia a seguir o Diagnóstico Setorial do Ineep sobre o setor de E&P no Brasil e entenda porque é estratégico que a Petrobrás volte a investir neste segmento.
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