A Petrobras silenciou totalmente sobre a venda do polo Riacho da Forquilha, localizado na bacia potiguar, para a empresa 3R Petroleum.

A estatal não se pronunciou quando a Justiça do Trabalho anulou a venda do polo e está se mantendo calada diante da informação de que a 3R Petroleum estaria desistindo do negócio.

Quando o juiz Carlito Antônio Cruz, da 2ª Vara do Trabalho de Natal, concedeu liminar anulando a cessão dos 34 campos de produção terrestres que formam o polo Riacho da Forquilha para a 3R Petroleum, a Petrobras informou ao JORNAL DE FATO que não iria se manifestar sobre a decisão.

Nesta segunda-feira (28), procurada novamente, agora para comentar a informação sobre a desistência da 3R Petroleum, divulgada inicialmente pelo jornal Tribuna do Norte, a Petrobras sequer respondeu ao e-mail, até o fechamento desta edição.

De acordo com a publicação, a desistência da 3R Petroleum seria por insuficiência financeira. O valor da transação é de US$ 453,1 milhões, sendo US$ 34 milhões a serem pagos na assinatura do contrato e o restante no fechamento da transação.

Desde que a Petrobras anunciou a venda do polo Riacho da Forquilha, em 11 de novembro de 2018, o nome da empresa causou espanto.

A falta de experiência no setor e o pequeno capital social da empresa chamaram a atenção.

Porém, a Petrobras afirmou que todas as exigências do processo de cessão dos seus ativos foram atendidas.

Ao ter sido questionada sobre a capacidade financeira da 3R Petroleum para cumprir com os pagamentos, a Petrobras argumentou que a empresa conta, em sua estruturação financeira, com a parceria de grandes empresas globais e fundos de investimentos internacionais, como uma companhia de trading de classe mundial, uma empresa internacional de serviços petrolíferos e uma operadora independente.

A estatal disse ainda que avaliou critérios como integridade e capacidade financeira das empresas participantes e que a 3R Petroleum preenche os requisitos necessários para ser uma Operadora C no Brasil de acordo com os critérios da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a quem compete aprovar a transação.

O diretor do Sindicato dos Petroleiros e Petroleiras do Rio Grande do Norte (SINDIPETRO-RN), Pedro Lúcio, disse que ainda não houve um comunicado oficial sobre a desistência da 3R Petroleum. Mas, para ele, não será surpresa nenhuma se isso vir a acontecer. “Era o que prevíamos, que a empresa não teria condições de assumir o campo. Agora a segunda colocada vai ser chamada para assumir a proposta da primeira e também deve declinar. Se acontecer isso mesmo, o processo deverá ser encerrado sem a venda”, analisou.

O sindicalista informou que há uma possibilidade de a Petrobras desativar o campo e devolver para a ANP. “Perda enorme, de bilhões por ano, para o nosso estado. Essa aventura se mostra de um grande prejuízo.”

Pedro Lúcio também criticou o silêncio da Petrobras. “Desde 2016, a Petrobras não se comunica com a sociedade como antes, infelizmente”, afirmou.

O JORNAL DE FATO também tentou falar com a 3R Petroleum, mas não recebeu respostas para as perguntas enviadas para todos os e-mails que constam no site da empresa, o https://3rpetroleum.com/. No site não consta nenhum número de telefone para contato com a empresa.

Senador chamou a 3R Petroleum de “empresa de papel”

Em visita recente a Mossoró, o senador Jean-Paul Prates não poupou críticas à venda do polo Riacho da Forquilha pela Petrobras.

O senador chegou a dizer que o polo foi vendido para “três cariocas tomadores de chope, uma empresa de papel”.

Jean-Paul Prates declarou que achou a venda estranha e cobrou investigação da ANP. “O polo produzia 15 mil barris e foi vendido produzindo 2 mil para pessoas que não entendem nada do setor, mas que poderão ampliar essa produção rapidamente 5 mil, 6 mil barris”, atenta.

Entrante no setor, como definiu a Petrobras, a 3R Petroleum não conseguiu participar de rodada de licitações da ANP. O motivo foi que ela não atendeu às exigências previstas em edital.

O fato se deu em 2017. Na oportunidade, a 3R Petroleum tentou participar da 4ª Rodada de Licitações de Áreas com Acumulações Marginais, mas foi impedida pela ANP, que lhe negou inscrição para o certame por conta de pendências para o cumprimento do edital.

O negócio entre a Petrobras e a 3R Petroleum chegou a ser anulado por decisão liminar, que caiu uma semana depois, em 14 de dezembro passado, em decisão proferida pelo desembargador Bento Herculano, do Tribunal Regional do Trabalho da 21ª Região, que fez cessar os efeitos da liminar concedida pela 2ª Vara do Trabalho de Natal.

JORNAL DE FATO