De acordo com informações divulgadas pela Petrobrás nesta quarta-feira, 28, a nova detentora das 34 concessões de campos de petróleo situadas no Polo Riacho da Forquilha, no Rio Grande do Norte, será a empresa 3R Petroleum. O valor informado da transação foi de US$ 453,1 milhões, envolvendo uma área com produção diária de 6 mil barris.

Segundo a Petrobrás, “a 3R Petroleum é uma empresa brasileira de óleo e gás com atuação focada na América Latina”, preenchendo “os requisitos necessários para ser uma Operadora C no Brasil de acordo aos critérios da ANP”.

No entanto e, contraditoriamente, na mesma matéria em que anuncia a venda, (http://www.investidorpetrobras.com.br/pt/comunicados-e-fatos-relevantes/fato-relevante-cessao-de-participacao-em-34-campos-terrestres-no-rio-grande-do-norte), a Petrobrás afirma que “essa será a primeira operação da 3R Petroleum”.

De fato, em visita ao site da 3R, não é possível encontrar “expertise” que comprove capacidade de gestão de campos de petróleo e, particularmente, em implantação de projetos de otimização de produção em campos terrestres.

O mais surpreendente, no entanto, é a informação sobre o porte da 3R constante no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica da Receita Federal. 

De acordo com o Comprovante de Inscrição e de Situação Cadastral, a 3R Petroleum é uma Sociedade Empresária Limitada caraterizada como ME, ou seja, com porte de microempresa.

Fica, então, a pergunta que não quer calar: como pode uma microempresa, que tem faturamento anual de até R$360 mil, aparentemente sem experiência de atuação, desembolsar 453 milhões de dólares para explorar 34 campos de petróleo da Petrobrás, passando à condição de segunda maior petrolífera do Estado?

De acordo com o secretário-geral do SINDIPETRO-RN, Pedro Lúcio, casos como esse, em que novas empresas assumiram operações em campos maduros “levaram à extinção precoce de campos de exploração de petróleo bastante proeminentes na Bahia, em Alagoas e Sergipe. É a antecipação da extinção da indústria petrolífera no Estado”, afirmou.

Conforme informou o diretor de Comunicação do SINDIPETRO-RN, Márcio Dias, a entidade entrará em contato com a 3R Petroleum e com outras instituições para esclarecer essas e outras dúvidas.