Em razão de um possível esvaziamento das áreas, por conta das festas de final de ano, os trabalhadores das plataformas marítimas do Rio Grande do Norte decidiram adiar, temporariamente, a paralisação de 24 horas, inicialmente agendada para o dia 31 de dezembro. Entretanto, apesar da deliberação, o movimento, agora, terá mais força. Contará, também, com a disposição de luta dos trabalhadores da UTPF e da Refinaria Clara Camarão que, igualmente, reivindicam a adequação dos critérios de elaboração das escalas de embarque ao padrão corporativo, e melhoria da ambiência, especialmente quanto à situação dos alojamentos.

Com relação às escalas, tanto no Mar quanto no Pólo Guamaré, a insatisfação fica por conta dos parâmetros que estão sendo utilizados para a apuração da freqüência, cuja conseqüência é a geração de pontuação negativa na computação do saldo de folgas, com repercussão no pagamento de horas-extras e na previsibilidade de embarques. Já, com relação à ambiência, o descontentamento se propaga, neste momento, especialmente em Guamaré, em função do número insuficiente e da precarização dos alojamentos. Lá, após jornadas que podem durar de 10 a 12 horas, muitas vezes os trabalhadores nem sequer sabem em que lugar poderão repousar.

Agravamento – A construção de novos alojamentos, assim como a reforma dos antigos, é uma reivindicação apresentada pelos trabalhadores, ainda em 2004, e acordada na gestão do gerente Mauro Mendes. Apesar disso, e mesmo com um projeto pronto há bastante tempo, nenhuma iniciativa com poder de resolutividade foi tomada.

Com o aumento do número de pessoas embarcadas, resultante da criação da RPCC, da BAGAM, assim como do aumento do quadro da Transpetro, a situação se agravou. E, agora, com a contratação de novos trabalhadores para atender aos processos que serão requeridos pela Unidade de Gasolina de Guamaré (UGG), a situação deverá se tornar impraticável.

Paliativos – As medidas que vêm sendo tomadas pelos responsáveis têm caráter paliativo e rebaixam a ambiência. No alojamento novo, estão acrescentando uma cama em apartamentos que foram projetados para duas pessoas, e as áreas utilizadas para armários estão sendo “adaptadas” para apartamentos femininos. Já, no alojamento antigo, o compromisso de reforma das instalações ficou para o Dia de São Nunca.

Com uma área ainda menor que a dos apartamentos novos, esses apartamentos abrigam quatro pessoas, em dois beliches, com altura do pé direito e ventilação em flagrante desconformidade com os preceitos da Norma Regulamentadora nº. 24. Essa NR trata de condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho. Em tom de pilhéria, fazendo graça com a própria desgraça, já circula na internet um hit produzido pelos trabalhadores, intitulado: melô do alfavela de gramaré. Clique no arquivo abaixo para ouvir…

Letra de “Melô do alfavela de gramaré” (baixe o arquivo de áudio)

Ei! Quer trabalhar? – Quero não.
Não quer por quê? – Por nada não.
Quer embarcar? – Ahm-ahm…
Não quer por quê?

Vou não, posso não, cabe não.
Não tem onde dormir não.
Não vou não, quero não.


Ei? No Alfavela, vamos entrar?

Tudo mofado pra gente respirar!
E o chuveiro? Cadê o Terra? Tá dando muito choque venha…

Vou não, posso não, cabe não.
Não tem onde dormir não!
Não vou não, quero não!

Ei! Já tem três camas!
E aí? Quer botar mais?
No imprensado, a gente bota cinco lá!
Quem és tu? És vacilão?
Ou alemão?

Vou não, posso não, cabe não.
Não tem onde dormir não!
Não vou não, quero não!