Petroleiros em greve desde o dia 1º deste mês realizaram na tarde de ontem, 11, mais um ato público. Dessa vez, a mobilização aconteceu na Praça Rodolfo Fernandes (Praça do Pax). Coordenada pelo Sindicato dos Petroleiros e Petroleiras do Rio Grande do Norte (SINDIPETRO-RN), a ação buscou sensibilizar a população para a pauta de reivindicações defendida pela categoria.

“Os petroleiros reconhecem que esta pauta nossa não é uma pauta coorporativa restrita aos petroleiros, exclusivamente. Mas é uma pauta que diz respeito a toda população brasileira, quando ela trata de investimentos da Petrobras, da suspensão de investimentos que gerariam até 2019, 20 milhões de empregos no país, da venda de ativos que podem desencadear uma desintegração na cadeia de petróleo irreversível no país, desestruturando toda a cadeia, desestruturando condições de financiamento e de desenvolvimento de indústria naval, metalúrgica e afins. Então os petroleiros reconhecem que essa pauta é de toda a população brasileira”, afirmou o secretário-geral do Sindipetro-RN em Mossoró, Pedro Lúcio.

Ele acrescenta que, por essa razão, os petroleiros realizaram um ato na Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA) na terça-feira passada, e se mobilizaram novamente ontem, na Praça do Pax. “Tentando buscar a solidariedade e que a sociedade possa entender o que os petroleiros estão pedindo nesse momento, que não é reajuste salarial ou benefícios corporativos, mas uma pauta que diz respeito a todo o país”, afirma.

“O movimento é bastante importante para a categoria e para a sociedade como um todo”, acrescentou Pedro Idalino, que também faz parte do Sindipetro e é petroleiro há 37 anos. Ele diz ainda que a pauta da categoria inclui 12 pontos. Entre eles, Idalino destaca necessidade de mais segurança para os trabalhadores, tendo em vista que, em todo o país, só este ano 20 trabalhadores perderam a vida em acidentes de trabalho. Os trabalhadores lutam ainda pela garantia do acordo com coletivo de trabalho e pela manutenção dos direitos da categoria. Um dos principais pontos citados por Pedro Idalino é a luta contra a venda de ativos da Petrobras.

Entre os apoiadores do movimento na mobilização de ontem, a servidora pública estadual Josileide Silveira. Ela conta que participou do ato porque a Petrobras é uma empresa brasileira e considera que os brasileiros precisam apoiar a greve, pois as riquezas advindas do petróleo devem ser destinadas a investimentos em educação e saúde.

Josileide Silveira afirma que, por esses motivos, em apoio aos direitos dos petroleiros e por intender a importância dos investimentos da estatal em programas sociais, apoia o movimento. “Essa empresa é brasileira e deve continuar sendo brasileira”, conclui.

As próximas atividades do cronograma de mobilizações dos grevistas serão movimentos de convencimento nos campos e nas bases administrativas. Por enquanto, não há nenhum novo ato público previsto.

Adesão à paralisação supera expectativas do sindicato

De acordo com Pedro Lúcio, desde que a greve foi iniciada o quadro de parada na produção, em nível nacional, chegou a 25%. “Aqui no Rio Grande do Norte, nós em um primeiro momento conseguimos parar 50% da produção de diesel na refinaria e uma grande adesão, cerca de 90% de adesão, da manutenção do polo de Guamaré. Também paramos o ativo mar, inicialmente em 50%”, informa. Além disso, segundo ele, houve paralisação da produção em vários campos de petróleo e a produção de gás chegou a ser interrompida em determinado momento. “Lembrando sempre que nunca foi objetivo e nunca vai ser objetivo dos petroleiros o desabastecimento do mercado de produtos essenciais pelo qual a Petrobras responde. Esse não é nosso objetivo. Nosso objetivo, inclusive, é uma pauta pelo Brasil e não contra o Brasil”, diz Pedro Lúcio.

“Hoje, a Petrobras está tentando operar com equipes de contingência, mas como os grevistas deixaram os postos de trabalho, não há como mensurar, precisamente, o que foi parado”, acrescenta o sindicalista.

Com relação à possibilidade de desabastecimento, ele reforça que esse não é o objetivo da categoria.

O secretário-geral considerou ainda que houve avanço nas negociações na segunda-feira passada, 9, quando pela primeira vez a estatal reconheceu a pauta de reivindicações da categoria. “Pela primeira vez a Petrobras, pela força da nossa greve, reconheceu a nossa pauta, então isso foi um grande avanço. Demais avanços realmente, concretos na pauta, serão avaliados hoje ainda [ontem] pela FUP (Federação Única dos Petroleiros) e deve sair um informe a nível nacional”.

Para o secretário-geral Pedro Lúcio, o movimento já é vitorioso e superou as expectativas. “A nossa greve está sendo vitoriosa, vai ser vitoriosa, mostra novamente que o trabalhador unido, realmente, consciente do seu papel dentro da empresa, ele pode mudar os rumos da empresa, mudar os rumos da relação capital-trabalho e é isso que está acontecendo nesse momento. Com certeza, já é uma greve muito vitoriosa”, conclui Pedro Lúcio.

No que diz respeito à situação da estatal antes mesmo da greve, Pedro Idalino afirma que, desde 2010 para o início da segunda gestão presidencial, o plano de negociação tem reduzido investimentos e agora chegou a uma realidade pior, que é vender campos ativos. Segundo ele, até 2010 haviam 14 mil postos de trabalho na região, hoje esse número está em 8 mil. Apesar da redução, o sindicalista comenta que hoje, 49% da atividade industrial no estado está relacionada à Petrobras.

Fonte: Gazeta do Oeste