Com a marca da diversificada expressão crítica do povo brasileiro, mais de 40 mil pessoas fizeram ecoar nas ruas de Natal o uníssono grito de “Não Vai Ter Golpe”. O SINDIPETRO-RN, um dos protagonistas dos movimentos sociais, mais uma vez se fez presente no ato convocado pela Frente Brasil Popular em defesa da Democracia e contra o golpe. Esta foi a maior manifestação de rua que já ocorrida na capital do estado do Rio Grande do Norte. O evento teve concentração no cruzamento das Avenidas Salgado Filho e Bernardo Vieira, e saiu em caminhada por 3 km até a Praça da Árvore de Mirassol.
Durante todo o percurso, as palavras de ordem, faixas, cartazes e artes reforçaram que não há saída sem Democracia, lembraram as consequências do golpe de 1964, os episódios de desrespeito aos valores humanos e à liberdade em todos os seus aspectos, e referenciaram a luta de homens e mulheres que resistiram às barbáries da ditadura militar no país e lutaram pela construção de um caminho de liberdades e redemocratização.
Petroleiros e petroleiras se juntaram aos professores, estudantes, juristas, artistas locais, esportistas, lideranças dos movimentos sociais, sindicais, de mulheres e da juventude na luta e com a presença de trabalhadores de todas as categorias a expressiva e representativa manifestação comemorou, ainda, a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de acatar, por 8 votos a 1, a decisão do ministro Teori Zavascki de tirar a investigação sobre Lula da alçada do juiz Sérgio Moro e transferi-las para a suprema corte.
A grande mídia, especialmente a rede Globo, foi uma vez mais rechaçada aos motes de “O Povo não é bobo, abaixo a rede Globo” e “A Verdade é dura, a rede Globo apoiou a ditadura”, e acusada de alardear a falsa análise de que a deposição da presidenta Dilma, via um golpe de Estado, reconduziria o país à normalidade e à retomada do crescimento econômico.
Na avaliação dos presidentes da Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Moacir Soares e Eliane Bandeira, respectivamente, a participação recorde da população no ato deste dia 31, data de aniversário de 52 anos do golpe civil-militar de 1964, demonstra que a sociedade compreendeu que o está em jogo é muito mais que apenas a defesa do governo da presidenta Dilma Rousseff.
O coordenador geral do SINDIPETRO-RN, José Araújo, fez questão de lembrar que a Petrobrás, vem sendo um dos instrumentos utilizados pelos golpistas para fazer duros ataques ao governo Dilma, e diminuir a força popular. “Lutar pela democracia é, também, lutar em defesa da Petrobrás e das regiões produtoras que estão sendo entregues ao capital privado e vão deixar vários trabalhadores da Estatal e as regiões que englobam a cadeia produtiva sem nenhum amparo”.
A senadora Fátima Bezerra (PT), uma das apoiadoras na defesa dos nossos campos terrestres, afirmou que a manifestação foi uma “demonstração de força dos setores progressistas da sociedade, que não vão assistir de braços cruzados o golpe planejado pela oposição, com o respaldo de setores da mídia”.
Para o vereador George Câmara (PCdoB), que também é petroleiro, depois desta quinta-feira, quando as ruas foram tomadas voluntariamente pelas mais diversas representações da militância de esquerda, “ficou muito claro que não vamos aceitar o golpe que está sendo arquitetado pelos mesmos segmentos políticos, empresariais e midiáticos que deram respaldo à ruptura democrática de 1964”.
No trajeto da caminhada, grupos de artistas, estudantes e integrantes de movimentos sociais fizeram dramatizações, performances e apresentações culturais para demonstrar às pessoas que passavam pela manifestação a importância da defesa da democracia brasileira.
O movimento aconteceu em clima tranquilo, e não foram registrados incidentes. Ao longo da gigante onda vermelha que cobriu a cidade de Natal, a cena mais comum foi composta de acenos e manifestações de apoio por um número grande de pessoas que acompanharam a caminhada de seus locais de trabalho, apartamentos, automóveis, ônibus e paradas do transporte coletivo.
No Rio Grande do Norte, além da capital, houve mobilização nas cidades de Pau dos Ferros e Mossoró. Na capital da resistência, mais de três mil manifestantes se concentraram na Igreja São João, Bairro Doze Anos, e seguiram em caminhada até o Teatro Municipal, onde encerraram o movimento com um ato cultural.
De Natal, Gilson Sá, Jana Sá e Alisson – jornalistas da Frente Brasil Popular