Desde que começaram as denúncias sobre a corrupção na Petrobrás, os detratores da empresa voltaram a insistir na máxima da privatização da companhia, como se este fosse o melhor caminho a ser adotado pelo governo federal, para sanar os casos de corrupção e aumentar a eficiência da empresa.

O que estes mesmos conservadores deixam de citar em seus diagnósticos apocalípticos, é que corrupção pode e deve ser sanada através de investigações e punições, como tem ocorrido desde que a Operação Lava Jato foi iniciada.

Outro fato tão claro como dois e dois são quatro e, também omitido pela direita e pelo mercado, é que a corrupção dentro da maior empresa de energia do país, se deu justamente através do inicio da parceria do público e privado que, aliás, bancou o ex-diretor Paulo Roberto Costa desde os meados dos anos 90, quando o país ainda era governado pelo pai de todos os privatistas, o FHC.

Além das questões políticas envolvidas neste caso, também é necessário lembrar que além do questionamento sobre a idoneidade da Petrobrás, o mesmo deve ser feito à Camargo Correa, Mendes Junior, OAS, Engevix, Iesa, Galvão, Queiroz Galvão, empresas essas muito conhecidas por conta do superfaturamento de obras com prefeituras de diversos estados, fatos que também deveriam ser lembrados pela mídia, que em seus editoriais e mesas redondas, tentam convencer a opinião pública que a Petrobrás e qualquer outra empresa estatal são altamente corruptíveis, quando grandes escândalos de corrupção corporativa ocorridas pelo mundo a fora.

Os EUA e Europa, por exemplo, apesar de possuírem legislações anticorrupção mais antigas que as brasileiras, tem sido bastante criticados pelos casos de corrupção, como o desvendado recentemente e, que teve o sistema metroviário paulista como alvo, com o envolvimento da multinacional Alemã Siemens, a canadense Bombardier, a espanhola CAF, a francesa Alstom e a japonesa Mitsui.

O esquema, denunciado pela Siemens ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em troca de imunidade, envolveria a formação de um cartel para superfaturar contratos de linhas de trens e metrô, incluindo pagamento de subornos a funcionários públicos do governo de São Paulo.

Todos aqueles países, porém, são signatários da Convenção Antissuborno da  Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico  (OCDE), estabelecida em 1999 e que visava extinguir a tradicional prática de subornar funcionários públicos em países em desenvolvimento.

Se citarmos todos os casos de corrupção envolvendo empresas privadas, não paramos por aqui, portanto, deixamos alguns dados para reflexão:

A Petrobrás é a última empresa estatal no ramo industrial que restou após o tsunami liberal dos anos 90 e uma das mais estratégicas. Através do controle do preço dos derivados, o Estado pode controlar a inflação. Imagine quanto o Estado enfraqueceu ao deixar de controlar o preço do aço e de seus derivados ao perder a Vale do Rio Doce, a Cosipa, CSN e a Usiminas, entre tantas outras empresas de diversos ramos.

Não só os desvios da Petrobrás devem ser punidos, mas as verbas privadas de campanha também têm que ser proibidas (esse é um dos motivos pelo qual defendemos a reforma política). Assim, essas empresas teriam menor poder sobre a determinação de cargos em qualquer esfera de governo.

Questionar a corrupção é certo. A esquizofrenia, entretanto, está nos questionamentos da viabilidade e necessidade de se construir uma refinaria, como a Abreu e Lima ou  explorar o Pré-Sal sob controle da Petrobrás.

Fonte: FUP