Petroleiros denunciam entrega de unidades produtoras que foram projetadas por Lula e Dilma justamente para que o Brasil tivesse maior protagonismo na produção de alimentos

São Paulo – No momento em que a demanda global por fertilizantes nitrogenados cresce e os preços internacionais devem aumentar até 15%, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, anuncia a retirada da estatal desse setor estratégico para a soberania alimentar do país. Os petroleiros estão realizando uma série de atos e audiências públicas nesta semana, denunciando os impactos da medida.

No Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (22), os trabalhadores realizam ato em frente à sede da empresa, quando as multinacionais Yara (norueguesa) e Acron (russa) entregam propostas para compra da Araucária Nitrogenados (Fafen-PR) e da Unidade de Fertilizantes-III (Fafen-MS). Em Araucária, os trabalhadores também se mobilizam durante esta quinta-feira. Na Bahia, os trabalhadores da Fafen seguem mobilizados desde terça-feira (20), quando Parente anunciou que a unidade entrará em hibernação ainda neste semestre.

O Brasil é o quarto maior consumidor de fertilizantes do mundo. A agricultura é uma das principais atividades econômicas do país e fundamental para o desenvolvimento nacional. O setor depende dos fertilizantes e produzi-los no Brasil é questão de soberania, pois diminui a dependência da importação, além de gerar empregos e riquezas no país. A saída da Petrobras do segmento de fertilizantes, portanto, impacta diretamente a cadeia produtiva do setor agrícola, tornando o Brasil cada vez mais dependente dos preços internacionais.

Ao longo dos anos 2000, os governos Lula e Dilma trabalharam para reduzir essa dependência externa, por meio da implementação do Plano Nacional de Fertilizantes e da ampliação da participação da Petrobras no setor, com o desenvolvimento de novas fábricas, como a Fafen Uberaba e a Fafen Mato Grosso do Sul, que chegou a ter 85% das obras concluídas e agora está sendo entregue por Parente.

Estudos da época apontavam que se as novas plantas já estivessem produzindo, a necessidade de importação de fertilizantes nitrogenados seria hoje inferior a 10%. O golpe tirou do Brasil a chance de ser autossuficiente na produção desses insumos e compromete a perspectiva do país tornar-se o maior produtor mundial de alimentos. O compromisso dos golpistas é com o mercado internacional e não com a soberania nacional.

Fonte: Rede Brasil Atual