Com profunda indignação, a Diretoria Colegiada do SINDIPETRO-RN vem a público denunciar mais uma manobra de grupos gananciosos e oportunistas que buscam se apropriar de uma riqueza pertencente ao povo brasileiro. Trata-se das iniciativas que visam levar a Petrobrás a se desfazer de centenas de campos de petróleo e gás que um dia descobriu – e que hoje continua explorando, mesmo sendo considerados “campos maduros”. O objetivo alegado pelos que defendem que a companhia coloque esses ativos à venda é (pasmem!): “criar a indústria de petróleo e gás no Brasil”. E os argumentos não poderiam ser mais falaciosos.

Na indústria petrolífera, os reservatórios caracterizados por apresentar produção declinante são considerados “maduros”. E com o pretexto de que esses campos “estão sendo subaproveitados pela Petrobrás” ou de que “deixaram de interessar à companhia, pois produzem numa escala menor, se comparados ao pré-sal”, setores interessados em abocanhá-los estão vendendo a ilusão de que poderiam incrementar a produção, se eles fossem repassados a pequenas e médias empresas. É o caso de uma tal Associação Brasileira de Produtores Independentes de Petróleo e Gás – ABPIP.

Formada por pouco mais de duas dezenas de associados, sendo, alguns, de origem estrangeira, a ABPIP articulou-se com deputados e senadores, e teve papel protagonista na recente constituição da “Frente Parlamentar Mista pela Criação da Indústria de Petróleo e Gás no Brasil”, lançada em 8/10. Segundo o site da Câmara dos Deputados, esta articulação objetiva “criar a indústria, a partir da venda dos poços maduros explorados pela Petrobrás”. Presente na solenidade de lançamento da Frente, o presidente da ABPIP, Marcelo Magalhães, não deixou por menos. Afirmou que “os 135 mil barris produzidos por dia em campos maduros poderiam dobrar num prazo de 3 a 5 anos caso fossem repassados para operadores privados”.

Argumentos falsos

Apesar da orientação gerencial adotada pela atual direção da Petrobrás, que, em busca do lucro máximo, vem concentrando recursos em atividades de exploração e produção na área do pré-sal, é completamente falso o argumento de que os campos maduros são subaproveitados pela companhia. Muito pelo contrário. Não fossem os diversos projetos de revitalização desenvolvidos pela Petrobrás, a produção desses reservatórios, tanto no RN quanto em outros Estados, seria bem inferior àquela registrada atualmente. E essas ações só puderam ser implementadas porque foram bancadas por uma empresa de grande porte.

A título de exemplo, o Sistema de Vaporduto destinado à ampliação da injeção contínua de vapor nos poços dos campos de produção de Estreito e de Alto do Rodrigues, na região do Vale do Açu, demandou um investimento da Petrobrás de mais de 200 milhões de dólares, ou cerca de R$ 750 milhões, pela cotação atual. E, isto, sem falar nos recursos empregados para a implantação e funcionamento da usina termoelétrica responsável pela produção e envio de vapor ao Vaporduto, com capacidade de produção de até 610 toneladas/hora, e nos demais projetos de revitalização da produção nos campos de Canto do Amaro e Ubarana.

A pergunta que fica, e que os defensores da venda dos campos maduros evitam responder é: qual empresa petrolífera de pequeno ou médio porte teria condições técnicas e, principalmente, financeiras, de investir tal volume de recursos para minimizar o declínio da produção? A resposta que eles não se atrevem a dar, naturalmente, é: nenhuma, claro!