Mobilizar agentes políticos e sociais e cobrar da bancada federal uma atitude mais efetiva em defesa da retomada de investimentos da Petrobrás no Rio Grande do Norte. Esta foi a principal proposição apresentada na Audiência Pública promovida pela Assembleia Legislativa, que debateu a “Exploração Terrestre de Petróleo na Bacia Potiguar”.

Iniciativa da deputada estadual Larissa Rosado (PSB), a sessão foi realizada na tarde desta quarta-feira, 30, em Natal, e contou com a participação de representantes do SINDIPETRO-RN, SIPETRO-RN, REDEPETRO-RN, FIERN, FECOMÉRCIO, Prefeitura de Mossoró, IFRN e SEBRAE.

Além de deputados, vereadores e prefeitos de municípios produtores, estiveram presentes representantes da AEPET e UNE, entre outras entidades. Para estranheza do público, no entanto, Governo do Estado e Petrobrás não compareceram, apesar de convidados e da relevância e pertinência do tema em debate.

Caminhos

Segundo a deputada Larissa Rosado, a audiência promovida nesta quarta-feira teve por objetivo discutir caminhos para garantir a retomada de investimentos da Petrobrás no RN, já que Mossoró e outras regiões produtoras do Estado estão sofrendo com a retração da atividade da companhia e o consequente fechamento de postos de trabalho, que hoje soma mais de dez mil desempregados.

A deputada acredita que a chamada ‘classe política’ está atenta ao processo, mas reconhece que “algumas pessoas se identificam mais, ou se sensibilizam mais com uma luta ou com outra”. Por isso, Larissa entende que “é papel do sindicato e das associações fazer o chamamento para essa luta”, e que a audiência pode contribuir para “encontrarmos caminhos para que os investimentos possam voltar a ser feitos em nossa região”.

Para o diretor de Secretaria Geral do SINDIPETRO-RN, Pedro Lúcio, que representou a entidade no evento, a audiência cumpriu um bom papel. “Apesar de um ou outro discurso dissonante, a maioria das entidades e instituições presentes reconheceu a imprescindibilidade da Petrobrás para o desenvolvimento do Estado e reconheceu que o corte de investimentos decorre de uma opção política”.

Na visão de Pedro Lúcio, “a sociedade norte-rio-grandense precisa, com urgência, construir a unidade pela retomada dos investimentos da Petrobrás”. Segundo ele, esse esforço deve resultar na organização de uma “frente ampla para derrotar a venda da Bacia Potiguar”.

Rateio do butim

Destoando das demais intervenções realizadas na audiência, alguns representantes institucionais demonstraram maior preocupação com a modalidade de venda dos campos petrolíferos anunciada pela Petrobrás do que com as consequências da alienação dessas áreas para a economia do Estado.

De olho no rateio do butim, chegando a fazer ilações de que “à Petrobrás não interessa um lucro de R$ 30 mil”, esses setores parecem estar mais preocupados com a possibilidade de perderem uma oportunidade de lucro fácil do que as consequências da saída da companhia para o RN.

Em contraponto, advogando a necessidade de uma resposta imediata à política de redução de investimentos que vem sendo posta em prática pela Direção da Petrobrás, o deputado estadual Fernando Mineiro (PT) e a vereadora Clorisa Vale (PSDC – Grossos) propuseram a elaboração de um documento destinado aos parlamentares federais.

A ideia aceita amplamente é a de convocar a bancada para pressionar o Governo Federal e a própria Petrobrás, mostrando que a decisão da companhia tem caráter eminentemente político, e que as consequências econômicas e sociais da redução de investimentos são danosas à população, sendo que a situação tende a se tornar ainda mais grave com a venda dos campos petrolíferos.