Com a rodada de sessões deliberativas praticamente concluída, trabalhadores e trabalhadoras da Petrobrás no Rio Grande do Norte aprovaram por expressiva maioria os indicativos da FUP/SINDIPETRO-RN e decidiram acatar a proposta de Acordo Coletivo negociada com a companhia, além de manter o Estado de Greve contra as privatizações.

A última sessão da Assembleia Geral está agendada para a manhã desta sexta-feira, 29, na base da Transpetro, no município de Macaíba. Porém, devido ao pequeno número de trabalhadores lotados nesta unidade, os resultados qualitativos da consulta à categoria não têm mais condição de serem alterados.

Até o meio-dia desta quinta-feira, 28, haviam sido realizadas 16 sessões, reunindo 439 trabalhadores e trabalhadoras de áreas administrativas e operacionais. A totalização dos resultados registra 64,9% favoráveis à assinatura do ACT, 32,1% contrários e 3,0% de abstenções.

Já, na votação relacionada à continuidade da luta contra as privatizações de ativos da Petrobrás, os percentuais apurados até o momento foram de 78,4% favoráveis à manutenção do Estado de Greve, 15,5% contrários e 6,1% de abstenções.

Balanço

Na opinião do diretor da Secretaria Geral do SINDIPETRO-RN, Pedro Lúcio, a Campanha Reivindicatória 2017 dos trabalhadores e trabalhadoras da Petrobrás foi vitoriosa. Diante das ameaças e ataques da Petrobrás e do governo golpista, Pedro Lúcio considera que “a mobilização garantiu direitos da categoria, assegurando a robustez do Acordo Coletivo e sua validade por dois anos, ainda que com alterações na forma de concessão do Benefício Farmácia e do Auxílio Almoço”.

Segundo Pedro Lúcio, apesar da existência de diferentes leituras do momento político difícil pelo qual o país está passando, a categoria votou consciente e esclarecida sobre o que realmente está em jogo. “Há divergências, é claro, pois a situação política é complexa e temos que saber ouvir as opiniões contrárias. Mas a maioria da categoria compreendeu e apoiou os indicativos do Sindicato, e agora precisamos intensificar o processo de acumulação de forças”, afirmou.

Condições

Compartilhando a avaliação de Pedro Lúcio, o diretor do SINDIPETRO-RN para a Base Natal, Ivis Corsino, entende que o desfecho da Campanha Reivindicatória foi exitoso e defende que as lutas de resistência não param por aqui. “Hoje, consolidou-se a posição favorável à assinatura do Acordo Coletivo, mas a garantia dos direitos dos trabalhadores e a própria sobrevivência da Petrobrás exige que retomemos nosso protagonismo político”.

Para Ivis Corsino, em um futuro breve, a categoria terá desafios maiores e ainda mais complexos. O diretor prevê um cenário de dificuldades, que tende a se agravar, mas se mostra confiante. “Não será uma luta fácil, mas o desfecho da campanha reivindicatória permite que a categoria petroleira possa enfrentar e atravessar esses momentos de turbulência em condições um pouco melhores”, avaliou.

Resistência

Para o diretor de Coordenação Geral do SINDIPETRO-RN, José Araújo, o momento político pelo qual passa a classe trabalhadora brasileira é de resistência. E, nesse sentido, a decisão das assembleias, com ampla aceitação da proposta de Acordo Coletivo, em sua opinião foi acertada. O coordenador afirma que, hoje, é impossível garantir-se estabilidade no emprego, mas que a proposta aprovada traz várias medidas de proteção contra arbitrariedades, inclusive as demissões.

“Não podemos dar a garantia de emprego após a aprovação da ‘contrarreforma trabalhista’, mas criamos todas as dificuldades para a Petrobrás implementar qualquer plano nesse sentido. Procuramos o auxílio de várias assessorias jurídicas para fazer alteração no texto sobre a cláusula 42, que foi o ponto mais polêmico da Campanha, e todas concordaram que ela oferece uma salvaguarda para o trabalhador”, explicou.

Ainda segundo Araújo, além do resultado imediato, o desfecho da Campanha Reivindicatória tem significado estratégico. “Ele permite aos trabalhadores petroleiros começarem o ano de 2018 com novos encaminhamentos, buscando novas aglutinações de forças, em um ano eleitoral”. A ideia, segundo o coordenador, é “ampliar os espaços de discussão com a sociedade para tratar da questão do desmantelamento e da privatização da Petrobrás”.