Autoridades políticas, sindicais e empresariais participaram nesta quinta-feira, 11, de uma audiência pública, na Câmara Municipal de Mossoró (CMM), para tratar sobre a “Retomada dos Investimentos nos Poços Maduros de Mossoró e Região”. Ao fim do debate, os presentes aprovaram um documento intitulado “Carta do Petróleo”, que visa firmar compromissos envolvendo empresários e parlamentares para exploração dos campos de petróleo de Mossoró e região.
A proposta da audiência partiu da vereadora Sandra Rosado (PSDB). A parlamentar reconhece o papel da cadeia produtiva de petróleo para o desenvolvimento do Estado e municípios, e acredita que abertura do mercado para empresas privadas vai auxiliar na geração de empregos. “Esperamos que com a operação de empresas como a Petrorecôncavo alguns postos de trabalho possam ser reocupados e que a produção de petróleo no Estado aumente”, destaca Sandra.
Otimista, o presidente da Petrorecôncavo, Marcelo Magalhães, informou que a perspectiva da empresa é dobrar a produção no Polo Riacho da Forquilha nos próximos anos, mas não informou como fará esse incremento. “Acreditamos que com os investimentos que a empresa fará na região a produção de petróleo possa dobrar em 3 a 5 anos. Nossa previsão é que a empresa comece a operar no último trimestre deste ano, após autorização da ANP”, disse Magalhães.
Para o secretário-geral do SINDIPETRO-RN, Pedro Lúcio, a preocupação é manter os postos de trabalho já existentes e a produção dos campos. “Atualmente, o campo de Riacho da Forquilha emprega 350 pessoas, sendo 300 trabalhadores terceirizados e 50 petroleiros da Petrobrás. O campo está em plena atividade, são produzidos em média 6.200 barris de petróleo por dia e, por isso, não podemos colocar em risco os empregos e a produção já existente”, afirmou Pedro.
Questionado pelo presidente da Petrorecôncavo sobre a ação movida pelo SINDIPETRO-RN contra a venda dos 34 campos de petróleo da Petrobrás em Riacho da Forquilha, o dirigente sindical destacou um possível prejuízo econômico para estatal. “A lei de licitações, a lei das estatais e os regulamentos internos da Petrobrás foram descumpridos nesse processo de venda, podendo ocasionar um prejuízo de até duzentos e setenta milhões de reais para a Estatal”.
O secretário-geral do SINDIPETRO-RN também comentou sobre a cadeia produtiva do petróleo no Brasil, ressaltando que a atual produção de petróleo da Petrorecôncavo e da indústria petrolífera privada independente no país ainda é incipiente, estando em patamar de desenvolvimento e, por isso, precisa da retomada dos investimentos da Petrobrás para se consolidar.
“Hoje a Petrorecôncavo em todas as suas operações no Brasil produz metade do que o Polo Riacho da Forquilha produziu em dezembro de 2016. Somadas, a produção das cinco primeiras empresas que participaram da mesa de negociação dos campos não produzem, no Brasil inteiro, o que a Petrobrás produz no Polo Riacho da Forquilha”, explicou.
Pedro Lúcio ainda fez um alerta: “é uma produtividade gigantesca que talvez a Petrorecôncavo não consiga operar aqui e os trabalhadores não podem correr esse risco. Se as previsões feitas pela empresa não forem cumpridas, significa a extinção da indústria petrolífera no nosso Estado, bem como a saída da Petrobrás, pois a estatal não vai ficar no RN operando para um número pequeno de barris”, ressaltou.
Ao fim da audiência, a vereadora Sandra Rosado propôs a elaboração da “Carta do Petróleo”, oficializando o compromisso da Casa Legislativa e dos empresários presentes em relação à produção de petróleo em Mossoró e região.
Na Carta, os signatários defendem a não privatização da Petrobrás; a contratação da mão de obra majoritária de Mossoró e região produtora pelas empresas operadoras; a implementação de projetos de recompensa social, por meio de investimentos em projetos sociais nas áreas exploradas; o compromisso com o aumento da produção de petróleo e a ampliação do aproveitamento de outros campos maduros; a melhoria da situação dos royalties para os municípios produtores; o estabelecimento de parcerias com universidades locais para aplicação de pesquisa na área de petróleo e gás e projetos de requalificação de mão de obra, em caso de necessidade.