Por Pedro Lúcio Góis e Silva – Secretário-Geral licenciado do SINDIPETRO-RN
Durante muito tempo, especialmente a partir de 2003, a Petrobrás serviu como verdadeiro motor de desenvolvimento da indústria nacional de petróleo, injetando bilhões de dólares no setor e proporcionando o desenvolvimento de uma cadeia, antes inexistente, de prestadores de serviços especializados no setor petrolífero, desde serviços de asseio até serviços de construção civil e metalurgia voltados para o setor. Muitos empresários fizeram verdadeiras fortunas nesse período.
Hoje, esses mesmos empresários recebem de braços abertos a notícia da saída da estatal do Rio Grande do Norte e Nordeste brasileiro e muitas pessoas não entendem seus motivos. Acontece que o Brasil viveu um período de forte investimento estatal a partir de 2003 que demandou muitos serviços. Os investimentos da Petrobrás, somados ao PAC, ao Minha Casa Minha Vida, às obras das Olimpíadas e da Copa do Mundo garantiam espaço para todos esses empresários, com alta margem de lucro.
Porém, a história mudou a partir de 2016. O Governo Federal aplicou um forte plano de austeridade – prefiro chamar de austericídio, pelos impactos negativos que sentimos até hoje – acompanhado pela drástica redução dos investimentos da Petrobrás. Esse cenário levou muitos empresários a fecharem suas portas. Alguns deles, nordestinos, se viram em uma realidade em que tinham que competir as licitações da Petrobrás com empresas do Sudeste, do Sul do Brasil e até algumas internacionais. Muitos perderam contratos nessa nova realidade.
Por isso, querem tanto a saída da Petrobrás do Nordeste. A Petrobrás é obrigada por lei a realizar contratação através de licitação pública, colocando em competição fornecedores locais com fornecedores de todo o país. Incapazes de competir nessa escala, sonham com a privatização para que possam fornecer seus serviços localmente, dialogando diretamente com o comprador das áreas, sem passar pela competitiva licitação. Estão tão cegos à alternativa que aceitam até substitutos sem nenhuma experiência na área e, portanto, sem perspectiva de um futuro real.
Penso que a saída é retomar a Petrobrás enquanto instrumento público, utilizando a estatal para reaquecer o setor petrolífero e contratar localmente. Assim, teremos a presenção da estatal no Nordeste e de uma excelente contratadora desses serviços, reaquecendo a economia e barrando o crime histórico da saída da maior estatal da América Latina do nosso solo.